Venda esta varejista endividada, recomenda bancão gringo; ‘Queima de caixa persiste’, diz
O Goldman Sachs rebaixou a recomendação da Americanas (AMER3) de neutra para venda, com preço-alvo de R$ 10.
De acordo com o banco, o crescimento da varejista e a expansão do resultado operacional medido pelo Ebitda permanecem limitados para os próximos 12 meses.
Ademais, o Sachs vê a empresa pressionada por nível de dívidas (alavancagem) elevado, com dívida líquida sobre Ebitda de 3,9 vezes e despesas financeiras líquidas representando 61% do Ebitda nos últimos 10 meses.
Esse elevado endividamento fica ainda mais delicado em um cenário de taxa de juros nas alturas como estamos vivenciando agora. Para o ano que vem, economistas não esperam que a Selic caia tão cedo.
Somado a isso, há a disputada concorrência do setor varejista, além da necessidade da Americanas de reinvestir em sua rede de lojas offline, o que limitam os espaços para expansão de margem e melhor geração de caixa.
Selic bate às portas da Americanas
No relatório, o Goldman lembra de algo que os investidores de varejistas já estão acostumados: a sensibilidade do setor com os juros DI. Basta um ruido que alimente a curva para que os papéis despenquem.
Apesar disso, qualquer sinal de que a Americanas está diminuindo a queima de caixa sem que, com isso, abra mão do crescimento, já seria positivo para a companhia.
“Se a AMER fosse capaz de conduzir com sucesso as sinergias da fusão on-offline e aquisições anteriores, isso poderia liberar recursos financeiros e criar uma experiência diferenciada para o cliente”, diz.
Dessa forma, a empresa poderia entregar mais receita bruta de vendas (GMV) e ganhos de participação acima do esperado, o que, por tabela, diminuiria a alavancagem operacional por um lado e aumentaria os ganhos de margem e fluxos de caixa aprimorados do outro.
Sérgio Rial não é tábua de salvação
O nome de Sérgio Rial, ex-CEO do Santander, animou investidores, o que fez os papéis dispararem mais de 20% na sessão seguinte ao seu anúncio.
Apesar de reconhecer que a reestruturação corporativa marca um novo senso de otimismo nos investidores, representando ponto positivo, o Goldman pondera que os resultados podem demorar, pois a nova liderança precisará atuar em várias frentes.
Os obstáculos vão da experiência in-store de suas lojas off-line a integração de aquisições mais recentes, como mantimentos frescos (Hortifruti, adquirido em ago/21) e lojas físicas de varejo em artigos para presentes e acessórios.
“No contexto de alavancagem e taxas de juros elevadas, isso criará um desafio particularmente formidável”, completa.