Venda do SVB para First Citizens ajuda a estabilizar bancos
A venda do Silicon Valley Bank para um rival regional dos Estados Unidos ajudou a estabilizar as ações de bancos europeus nesta segunda-feira, depois que o setor foi atingido na semana passada por preocupações sobre uma possível crise bancária sistêmica.
O súbito colapso do SVB, que é focado em prestação de serviços para startups de fundo tecnológico, no início deste mês desencadeou o pior choque bancário desde a crise financeira global de 2008 e atraiu alguns dos maiores bancos da Europa para o foco dos investidores.
Sinais de que os problemas no SVB estão sendo resolvidos pelas autoridades podem ajudar a aumentar a confiança dos investidores.
- Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!
O First Citizens BancShares comprou todos os empréstimos e depósitos do SVB e deu à Federal Deposit Insurance Corp (Fdic) direitos de participação em ações no valor de até 500 milhões de dólares em troca, informou a entidade em comunicado.
O First Citizens também fez um acordo com o regulador para compartilhar perdas e fornecer proteção adicional contra possíveis perdas de crédito.
A Fdic estima que o colapso do SVB custará cerca de 20 bilhões de dólares a um fundo federal de seguro de depósitos.
“O anúncio é positivo para a estabilidade financeira e para a indústria de capital de risco”, disse Gary Ng, economista sênior do Natixis Hong Kong.
As ações de bancos na Europa abriram em alta nesta segunda-feira. O maior banco da Alemanha, Deutsche Bank, que havia caído 8,5% na sexta-feira pressionado por forte salto no custo de garantir seus títulos contra o risco de inadimplência, subia 4,9% às 7h50 (horário de Brasília).
O índice mais amplo que reúne ações dos principais bancos da Europa subia 1,1%, após cair quase 4% na sessão anterior.
O acordo do First Citizens para comprar o SVB selou o primeiro fim de semana em várias semanas sem notícias de novos colapsos bancários, resgates ou ajuda emergencial das autoridades.
“Varremos o SVB para outro comprador, o que é bom”, disse Tony Sycamore, analista da IG Markets, em Sydney.
“Mas o maior problema é garantir depósitos em todos os outros bancos (regionais dos EUA)…é um pouco de calma antes da próxima tempestade.”
O colapso do SVB fez com que os depositantes dos EUA fugissem de bancos regionais menores em busca de bancos maiores.
A Bloomberg News publicou que as autoridades dos EUA estavam em fase inicial de deliberação sobre a expansão dos instrumentos de empréstimo de emergência, o que poderia dar ao banco regional norte-americano First Republic Bank mais tempo para reforçar seu balanço.
As ações do First Republic Bank, cujo futuro está no centro das preocupações dos investidores, subiram mais de 25% nas negociações de pré-mercado nesta segunda-feira, com seus pares Western Alliance Bancorp e PacWest Bancorp avançando 5,4% e 9,2%, respectivamente.
Apesar da alta desta segunda-feira, o índice Stoxx de ações de bancos europeus acumula queda de mais de 17% e o índice de bancos regionais KBW dos EUA registra perda acumulada de 20%, com os investidores preocupados com o que vem a seguir.
“Acho que não dá para sentar e dizer: ‘Bem, está tudo acabado, Silicon Valley Bank e Credit Suisse resolvidos e a vida vai voltar ao normal'”, disse o presidente-executivo do Australia and New Zealand Banking Group, Shayne Elliott.
O súbito aumento nas dificuldades para os bancos levantou questões sobre se as principais autoridades monetárias do mundo continuarão a fazer aumentos agressivos nas taxas de juros para conter a inflação e se o consequente aperto nos empréstimos prejudicará a economia global.