Venda de imóveis volta a subir após ‘soluço’ com nova crise política
A crise política detonada no último dia 17 causou um “soluço” no mercado imobiliário, que teve queda nas vendas como reflexo das incertezas entre consumidores e empresários sobre os rumos do País. A pressão negativa, entretanto, explicam executivos de várias incorporadoras, durou apenas alguns dias, sinalizando que os efeitos da nova crise devem ser limitados, ao menos, enquanto o País não tiver novas surpresas na esfera do governo federal.
A Eztec registrou queda de 50% nas vendas entre 20 e 21 de maio, fim de semana que sucedeu as denúncias contra o presidente Michel Temer. Já no fim de semana seguinte, de 26 e 27, as vendas voltaram ao volume considerado normal. “Percebemos que houve um susto, mas depois a situação se normalizou”, disse o diretor de finanças e relações com investidores da Eztec, Emílio Fugazza.
Ele afirmou que as vendas líquidas da incorporadora neste trimestre estão positivas, em decorrência de melhora nas vendas totais e estabilidade no volume de rescisões. O copresidente da Even, Dany Muszkat, relatou uma situação semelhante, marcada por volume de vendas um pouco mais fraco entre 20 e 21 de maio e recuperação nos dias seguintes. “Mesmo com o cenário mais conturbado, as vendas ficaram dentro do esperado, o que nos deixou satisfeitos.”
Para Muszkat, ainda é cedo para traçar perspectivas, mas ele não espera um freio acentuado na demanda enquanto o imbróglio no governo não tem um desfecho. O economista-chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, corroborou a avaliação de que o mercado teve um soluço. “O País continua andando e se acostumando com essas crises.
Parece um absurdo dizer isso, mas é o que estamos vendo”, acrescentou, citando normalização de mercado imobiliário, Bolsa, câmbio e juros depois da volatilidade apresentada nos primeiros dias após as denúncias contra Temer. Petrucci acrescentou que está mantida a projeção do sindicato de crescimento de 5% a 10% do mercado paulistano este ano.
Alta renda
O solavanco nas vendas afetou mais o mercado de alto padrão, segundo o diretor de relações com investidores da Cyrela, Paulo Gonçalves. “Algumas vendas que estavam encaminhadas não aconteceram entre o público que procura um “upgrade”, disse, referindo-se às famílias que já têm moradia e buscam uma residência maior ou mais bem localizada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Por Circe Bonatelli)