Venda de celular não deve melhorar antes do fim de 2023, diz TDK
As vendas globais de celulares não devem crescer até o final de 2023, alertou a fornecedora de baterias TDK — na mais cautelosa perspectiva emitida até agora, diante de um mercado desaquecido por pressões inflacionárias e geopolíticas.
A empresa, sediada em Tóquio e fornecedora de baterias para toda a indústria móvel, incluindo a Apple, vê poucas indicações de uma recuperação após as fortes quedas nas vendas de aparelhos, especialmente na China.
“Não ouço nenhuma opinião otimista dos clientes e acredito que a situação que enfrentamos hoje dure até meados do próximo ano, seguida por uma recuperação gradual a partir do final do próximo ano”, disse em entrevista o presidente da TDK, Noboru Saito.
Ele aponta os lançamentos de novos aparelhos no segundo semestre de 2023 como o catalisador para uma recuperação do sentimento positivo.
O mercado de smartphones sofreu um grande abalo com a desaceleração econômica global decorrente do aumento das taxas de juros pelos bancos centrais, das restrições da Covid-19 na China e da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Fabricantes e fornecedores de celulares começaram este ano com expectativa de crescimento nas vendas, mas enfrentaram quedas de dois dígitos em seus mercados mais importantes.
Mesmo a Apple teve que cortar seus planos de produção de smartphones depois de ver uma demanda mais fraca do que o esperado para o iPhone 14.
A TDK projetava anteriormente 1,3 bilhão de aparelhos vendidos no ano encerrado em março, mas agora reduziu essa estimativa em 10%, de acordo com Saito, 56 anos, que assumiu o cargo em abril.
A visão da TDK sobre quanto tempo levará a recuperação é a mais pessimista entre os pares do setor. A fabricante de componentes japonesa Taiyo Yuden espera uma recuperação já no primeiro trimestre de 2023, enquanto a Murata Manufacturing está à procura de um pequeno aumento no segundo trimestre.
Os três fazem parte da espinha dorsal do fornecimento de componentes básicos da indústria móvel.
A Apple, com sede em Cupertino, Califórnia, enfrenta uma pressão crescente para aumentar a capacidade de produção fora da China, onde seu principal complexo de montagem do iPhone Pro em Zhengzhou foi este ano assolado por desafios impostos pelo coronavírus e lockdowns. Saito, da TDK, não vê nenhuma saída iminente no horizonte.
“Deixe-me esclarecer que a China continuará sendo um dos mercados mais importantes para nós e a TDK está empenhada em manter a capacidade de fornecimento grande o suficiente para atender à enorme demanda do país”, disse Saito.
A TDK fabrica 60% de seus produtos na China e 50% de suas vendas são no país, que também é o maior mercado mundial de smartphones. Essas proporções não mudarão drasticamente nos próximos anos, acrescentou Saito.
“As decisões sobre onde fabricamos nossos produtos dependem em grande parte de como nossos clientes agiriam”, disse o presidente da TDK. “Não acho que nossa capacidade de produção na China diminuirá muito, embora também não espere que aumente muito.”