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Veja os patrocinadores que encerraram contrato com Flow Podcast e Monark após fala sobre nazismo

08 fev 2022, 16:20 - atualizado em 10 fev 2022, 9:16
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O episódio do podcast com Kim Kataguiri e Tabata Amaral foi marcado por polêmica, com Monark apoiando criação de partido nazista (Imagem: Reprodução YouTube)

Conhecido por seus posicionamentos polêmicos, Monark (nome artístico para Bruno Aiub) se envolveu em mais uma situação polêmica ao defender a existência de um partido nazista no Brasil.

O Flow Podcast, conduzido por Monark e Igor, teve na última segunda-feira (7) seu episódio 545 e recebeu como convidados os deputados federais Kim Kataguiri e Tabata Amaral. Durante a conversa, ao falar sobre regimes radicais, Monark defendeu que “tinha que ter um partido nazista que fosse reconhecido pela lei”, contrariando princípios da Constituição. 

Monark apresentou como argumento a liberdade de expressão e recebeu como contra argumento a fala de Tabata afirmando que “a liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida dos outros em risco”, ressaltando o risco à vida dos judeus e relembrando acontecimentos históricos como o holocausto.

A veiculação de símbolos, distintivos, propagandas e ornamentos que remetam ao nazismo é um crime previsto em lei federal, sendo descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível. 

Veja aqui o trecho polêmico do episódio que foi retirado do ar:

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Repercussão 

A repercussão da fala trouxe à tona posicionamento do grupo Judeus pela Democracia, que foi às redes sociais nesta terça-feira (8),  onde afirmaram que “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão.”.

Em nota, a Conib declarou que “a Conib (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o ‘direito de ser antijudeu’, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast”.

A Federação Israelita de São Paulo também se manifestou em nota, afirmando que “nós, da Federação Israelita do Estado de São Paulo, repudiamos de forma veemente esse discurso e reiteramos nosso compromisso em combater ideias que coloquem em risco qualquer minoria. Manifestações como essa evidenciam o grau de descomprometimento do youtuber com a democracia e os direitos humanos.”

Além disso, a repercussão geral por meio das redes sociais é de repúdio, sendo que “Monark e “Flow” estão nos Trend Topics do Twitter com tweets de indignação sobre a situação e cobrança de posicionamento dos patrocinadores do podcast.

Posicionamento dos patrocinadores 

A pressão pública em torno dos patrocinadores é uma das grandes repercussões, e as marcas que já foram patrocinadoras e que eram até então rapidamente se pronunciaram, com o intuito de desatrelar a marca com o podcast. 

O público também questiona moderação do YouTube, em relação à disseminação deste tipo de mensagem na plataforma, entretanto, até o momento não houve posicionamento. 

Em nota de repúdio, a Flash Benefícios principal patrocinadora do episódio em questão –, anunciou o encerramento do contrato. 

“Diante do absurdo, é preciso se posicionar. No último dia 07 de fevereiro, durante a exibição do episódio 545 do Flow Podcast, um dos apresentadores fez comentários inadmissíveis e dos quais discordamos de forma veemente. Diante disso, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow.”

O Cariocão Betfair também se posicionou em nota divulgada no Twitter e anunciou o encerramento do contrato com a FFERJ.

Marcas como a Mondelez Brasil, dona da Bis, divulgou nota de repúdio e afirmou que patrocinou apenas 2 episódios e que não colabora mais com o Flow, já tendo solicitado a retirada da marca como patrocinadora.

O mesmo ocorreu com a Puma Brasil, que apesar de ser citada como patrocinadora, divulgou nota de repúdio e ressaltou que fez uma ação isolada e que não colabora com o podcast.

A Wise Up também publicou em nota oficial o encerramento do contrato com o Flow: “A Wise Up esclarece que não é patrocinadora do Flow Podcast e não mantém vínculos comerciais com o programa desde 2020. A companhia repudia veementemente qualquer apologia ao nazismo e solicitou a retirada do seu logo do site do programa, que consta de forma indevida na lista de patrocinadores.”

Pressão nas marcas

A repercussão em torno do caso pressiona não apenas o Flow e o Monark, mas as marcas que estão envolvidas como patrocinadoras e que também são apontadas nas discussões sobre o assunto.

Dessa forma, o rápido posicionamento é uma evidência da preocupação com gerenciamento de crise, afinal, a ausência de posicionamento tende a ser interpretada pelo público como concordância com o que é defendido no podcast.

Em pouco tempo, os impactos na imagem, credibilidade e, consequentemente, resultados das marcas são significativos e, portanto, a tendência é de cada vez mais pressão do público e resposta das marcas em relação ao caso.

A relação entre marcas, influenciadores, podcasts, empresas e afins está sendo cada vez mais acompanhada pelo público e a rápida resposta é determinante para o futuro, visto que, na internet, tudo pode ser relembrado e voltar para assombrar a imagem das marcas.

Convidados de outros episódios estão solicitando a remoção do vídeo de suas entrevistas, como é o caso de Gabriela Prioli e Thiago Mansur.

Posicionamento do Monark nas redes sociais 

Com quase 500 mil tweets em torno do assunto até o momento em que a matéria foi produzida, Monark foi às redes sociais para se posicionar, justificando que estaria bêbado durante o podcast e que, devido a isto, defendeu uma ideia “de um jeito muito burro” e se desculpou por ter sido insensível, pedindo compreensão às pessoas.  

Demissão e remoção do episódio

Com toda a repercussão do caso, o episódio foi removido do canal do Flow Podcast e foi divulgada nota anunciando o desligamento do Monark dos estúdios Flow.

Confira nota na íntegra: