Coluna do Edson Kawabata

Veja os impactos das Agtechs no agronegócio

19 jan 2025, 12:00 - atualizado em 17 jan 2025, 10:59
Alimentos, Agronegócio, Bebidas, BB Investimentos, Agro Times
As agtechs têm crescido em número e relevância, assumindo um papel essencial na agenda de inovação do setor de agronegócio. (Imagem: zefart/Getty Images/Canva)

Diante do desafio de aumentar a produção com maior eficiência, o agronegócio tem impulsionado a adoção de novas tecnologias em sua cadeia de valor. Nesse cenário, as agtechs (empresas de base tecnológica voltadas para o agronegócio) têm crescido em número e relevância, assumindo um papel essencial na agenda de inovação do setor.

Avanços na digitalização de dados no meio rural permitem integrar sistemas de sensoriamento de campo, Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), GPS e satélites a dispositivos comuns como computadores e smartphones. Essa integração é potencializada pelo uso de tecnologias como inteligência artificial, computação em nuvem, blockchain, realidade aumentada, Internet das Coisas (IoT) e robótica.

A adoção massiva de soluções tecnológicas no agronegócio envolve a coleta e processamento de grandes volumes de dados em todos os elos da cadeia produtiva, abrangendo sensoriamento, comunicação e análise de informações. Com esses sistemas, o produtor rural pode planejar, monitorar e gerenciar suas atividades com maior precisão e segurança, desde a aquisição de insumos até a comercialização da produção, viabilizando o modelo da “fazenda inteligente”.

Benefícios das Agtechs para o agronegócio

De forma geral, as agtechs promovem avanços significativos na cadeia produtiva, como:

  • Aumento de produtividade: mais produção por hectare;
  • Redução de custos: menor custo por tonelada produzida;
  • Elevação da qualidade: possibilitando preços mais elevados;
  • Redução de emissões de CO₂: contribuindo para práticas sustentáveis.

Além disso, essas empresas integram um ecossistema de inovação que inclui hubs, incubadoras, aceleradoras e parques tecnológicos, criando sinergias operacionais, aumentando a capacidade de desenvolvimento e acelerando projetos.

Cenário das Agtechs no Brasil

Segundo o Relatório Radar Agtech Brasil 2023, da EMBRAPA, o Brasil contava com 1.953 agtechs, um crescimento de 14,7% em relação ao ano anterior. Quanto à atuação na cadeia produtiva:

  • Antes da fazenda: 331 (17,0%) agtechs;
  • Dentro da fazenda: 815 (41,7%);
  • Depois da fazenda: 807 (41,3%).

Os segmentos mais representativos incluem:

  1. Alimentos inovadores e novas tendências alimentares: 277 agtechs;
  2. Sistemas de gestão de propriedade rural: 170;
  3. Plataformas integradoras de sistemas, soluções e dados: 146;
  4. Drones, máquinas e equipamentos: 98.

Teses de Investimento e Captação de Recursos

Entre as teses de investimento mais relevantes, destacam-se:

  • AgFintechs: focadas em soluções para a sustentabilidade financeira do setor agrícola.
  • AgBiotechs: especializadas em produtos biológicos e microbiológicos que aumentam a produtividade e ajudam no controle de pragas.
  • Marketplaces: plataformas digitais para compra e venda de produtos.
  • ClimaTechs: dedicadas à redução de impactos do aquecimento global e emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Apesar de um ambiente promissor, entre janeiro e setembro de 2024, as agtechs captaram R$ 955 milhões, queda de 16% em relação ao mesmo período de 2023 (R$ 1,142 bilhão), segundo a Liga Ventures. Foram registrados 40 deals em ambos os períodos. Ainda assim, se o último trimestre seguir a média dos anos anteriores, espera-se um leve crescimento nos investimentos totais em 2024.

Quase metade das negociações (45%) ocorreram em rodadas Série A ou superiores, representando 88% dos investimentos até setembro. Startups em estágio inicial (early stage) registraram aumento de 8% nos aportes, enquanto os investimentos em startups em estágio intermediário (mid stage) caíram 25%. Nas rodadas mais avançadas (Série B em diante), houve uma leve redução de 2%.

Perspectivas para o Futuro

Apesar da estabilidade relativa nos investimentos, espera-se o amadurecimento do ecossistema de agtechs no Brasil. Esse amadurecimento pode estimular novos aportes, aquisições e maior liquidez para startups do setor, reforçando o desenvolvimento do agronegócio com mais tecnologia e inovação.

Com a crescente incorporação de tecnologias avançadas e a evolução das agtechs, o agronegócio brasileiro está bem posicionado para enfrentar os desafios do futuro, potencializando ganhos de eficiência e sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.

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Edson Kawabata é Sócio-Diretor de Novos Negócios da Peers Consulting + Technology, consultoria especializada em negócios e tecnologia. Possui mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, com foco em M&A, estratégias de crescimento, experiência do cliente e excelência operacional. Por 12 anos, ocupou posições executivas em diferentes setores, como Diretor de Estratégia e Desenvolvimento no Grupo Pão de Açúcar, Diretor Sênior na Kantar, Diretor Geral no Machado Meyer e Chief Transformation Officer no Pátria Investimentos. É formado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA, pós-graduado em Direito Societário pela FGV, mestre em Empreendedorismo pela FEA-USP, MBA pela Cornell University, com certificação executiva em Estratégia e Inovação pelo MIT.
edson.kawabata@moneytimes.com.br
Edson Kawabata é Sócio-Diretor de Novos Negócios da Peers Consulting + Technology, consultoria especializada em negócios e tecnologia. Possui mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, com foco em M&A, estratégias de crescimento, experiência do cliente e excelência operacional. Por 12 anos, ocupou posições executivas em diferentes setores, como Diretor de Estratégia e Desenvolvimento no Grupo Pão de Açúcar, Diretor Sênior na Kantar, Diretor Geral no Machado Meyer e Chief Transformation Officer no Pátria Investimentos. É formado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA, pós-graduado em Direito Societário pela FGV, mestre em Empreendedorismo pela FEA-USP, MBA pela Cornell University, com certificação executiva em Estratégia e Inovação pelo MIT.
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