Veja os desafios econômicos que caem no colo de Liz Truss, nova premier britânica
O Reino Unido tem uma nova primeira-ministra: Liz Truss venceu Rishi Sunak na última fase da eleição interna do Partido Conservador – com 57,4% dos votos contra 42,6%. Com isso, ela se torna a nova chefe do partido e premier britânica.
No entanto, os próximos anos não serão fáceis para Liz. O mercado entende que será um governo desafiador, já que o Reino Unido passa por um momento econômico crítico. A inflação, que vinha subindo por causa das medidas tomadas para enfrentar a pandemia.
A situação piorou com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que limitou a venda de gás natural para a Europa e fez disparar o custo da energia no continente. Em julho, a inflação anual do Reino Unido alcançou 10,1%. Trata-se da taxa mais elevada em 40 anos.
Na tentativa de combater a alta nos preços, em agosto, o Banco da Inglaterra (BoE) elevou a sua taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual – foi o maior reajuste promovido pela autoridade monetária em 27 anos.
“Se a gente olhar para o horizonte a longo prazo, o cenário é bastante desafiador. O Reino Unido está com uma inflação extremamente alta, o Banco Central vai continuar subindo os juros e quando a gente olha para os indicadores de atividade econômica, vemos uma desaceleração”, afirma Rafael Passos, economista da Ajax Capital.
De fato, a economia já começou a mostrar sinais de enfraquecimento. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (05) pelo S&P Global, o PMI composto britânico caiu de 50,9 para 49,6.
É a primeira vez desde a pandemia que o indicador, que leva em conta os setores de serviços e manufatura, fica abaixo de 50. E isso indica uma contração econômica.
Além da economia fragilizada, Liz precisará enfrentar o descontentamento da população. Nas últimas semanas, trabalhadores de diversos setores e indústrias do Reino Unidos vêm organizando greves para exigir aumento de salário.
Já estão na lista de grevistas os trabalhadores portuários, ferroviários, advogados, de serviços postais, de telecomunicações, professores, lixeiros e da área da saúde. Até funcionários da Amazon se manifestaram por reajuste salarial.
Promessas econômicas
Em seu primeiro discurso, realizado logo após o anúncio do resultado, prometeu um “plano ousado” de corte de impostos – principalmente os que envolvem o setor de energia – para auxiliar no crescimento econômico. No entanto, ela não detalhou os planos.
“Vou responder à crise energética, lidando com as contas de energia das pessoas, mas também lidando com as questões de longo prazo que temos sobre o fornecimento de energia”, disse durante o discurso.
Liz também defende a diminuição da necessidade do Reino Unido sobre as energias não renováveis e, consequentemente, reduzir a importação de recursos energéticos vindos de outros países.
Apesar das promessas, Rafael, da Ajax Capital, destaca que a premier precisará esclarecer alguns pontos antes, principalmente nessa parte tributária.
“Ela defende, por exemplo, um reajuste para baixo nos impostos. Acontece que o Reino Unido está mais endividamento por conta das políticas sociais promovidas durante a pandemia, ainda com cenário inflacionário extremamente latente e com uma guerra acontecendo. Então, como é que ela pretende reduzir a arrecadação e salvar a economia?”, afirma.
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