Veja os bilhões que o governo vai abrir mão com salário mínimo de R$ 1.320 e nova isenção do IR
O martelo já foi batido: no dia 1º de maio, o salário mínimo passará dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320. Além disso, quem ganha até R$ 2.604 está isento do Imposto de Renda de 2024.
Por mais que os R$ 18 extras pareça pouco para alguns, as projeções são de que o reajuste tenha um impacto nas contas do governo dentre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões em 12 meses, segundo as projeções de Rafael Passos, analista da Ajax Capital, e Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O peso do novo mínimo já era uma preocupação para o Ministério da Fazenda, por não ter espaço no Orçamento para acomodar o reajuste. Nas contas iniciais da pasta, o custo adicional dos R$ 1.320 seria de R$ 7,7 bilhões a R$ 14,5 bilhões – acima dos R$ 6,8 bilhões reservados para essa finalidade.
Já a nova tabela do Imposto de Renda deve custar ao governo mais de R$ 30 bilhões que vão deixar de ser arrecadados.
Já Felipe Salto, economista-chefe da Warren Renascença, projeta que o efeito dos R$ 1.320 de salário mínimo de maio a dezembro será de R$ 4,8 bilhões. Já a correção da tabela do Imposto de Renda de janeiro a dezembro de 2024 custará R$ 25 bilhões.
Reajuste do salário mínimo
O aumento do salário mínimo já estava nos planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a corrida eleitoral. Na época, ele defendia o reajuste real do valor – ou seja, garantir que o montante não perdesse para a inflação.
No entanto, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi mais rápido. No final do ano passado, ele editou uma medida provisória que elevou o valor de R$ 1.212 para os atuais R$ 1.302.
Com isso, o reajuste foi de um aumento de 7,43% em relação ao salário mínimo de 2022, garantindo um reajuste real de 1,4% acima dos 5,93% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2022.
A meta, então, passou a ser a busca de um salário mínimo mais alto. Lula chegou a conversar com líderes sindicais, que pediram um valor mais alto, de R$ 1.342.
Reajuste de imposto de renda
A revisão da tabela do Imposto de Renda ainda vai render. Em sua campanha, Lula prometeu isentar quem recebe até cinco salários mínimos.
O problema é que, atualmente, está isento quem recebe até R$ 1.903 mensais. Ou seja, os trabalhadores que ganham menos de 1,5 salário mínimo já são obrigados a enfrentar a Receita Federal.
Esse limite é o mesmo desde 2015, quando o salário mínimo era de R$ 788. Na época, só pagava imposto quem ganhava acima de 2,4 mínimos.
A nova faixa de isenção, de R$ 2.640, são exatos dois salários mínimos reajustados – ainda falta uma boa quantia para chegar nos cinco prometidos. E a previsão do Ministério da Fazenda é de que a reforma tributária do Imposto de Renda comece a ser negociada no Congresso a partir do segundo semestre.