Veja os 3 principais temas do mercado nesta quarta-feira
Investing.com – O Ibovespa devolveu os ganhos da abertura e não conseguiu sustentar o terreno positivo, mesmo com o apoio da valorização nos principais índices de Wall Street.
O índice caiu 0,05% aos 84.623 pontos com os investidores se posicionando cautelosamente à espera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula marcado para esta quarta-feira à tarde no STF. Em jogo, está a possibilidade de o petista ser preso nos próximos dias ou ficar livre para fazer campanha eleitoral – para si ou um indicado. Veja mais no texto abaixo.
Petrobras, Vale, Banco do Brasil e Itaú pesaram sobre o índice, que ficou dividido com 30 ações fechando em alta, 2 estáveis e 30 ativos com perdas.
A petroleira (PETR4) e o Itaú (ITUB4) perderam força após uma abertura positiva e encerram a sessão com queda de quase 1%. O BB (BBAS3) cedeu 1,3%. A Vale (VALE3) operou quase o dia todo no negativo e fechou o pregão com -0,3%.
O Bradesco (BBDC4) se destacou com alta de quase 1% e ajudou a evitar uma queda ainda maior do Ibovespa. Com peso no índice, a Ambev (ABEV3) subiu 1,5%.
Entre os destaques corporativos do dia, a BRF (BRFS3) avançou 1% em meio a acordo que definiu que Abílio Diniz renunciará à presidência do conselho da companhia.
A sua concorrente, JBS (JBSS3), também chamou a atenção, mas pelo lado negativo ao liderar as perdas do Ibovespa com -3,2% após a notícia de investigação da CVM sobre o Banco Original, ambos do grupo J&F.
Wall Street recupera terreno
Os principais índices de Nova York encerraram a sessão com ganhos de mais de 1% em um dia de recuperação sem novidades sobre taxação ou guerra comercial, apesar da sequência da pressão de Trump sobre a Amazon.
O Dow 30 subiu 1,6% e voltou aos 24 mil pontos, enquanto o S&P 500 subiu 1,2%. O Nasdaq valorizou 1%.
O destaque do dia em NY foi a listagem direta do Spotify (NYSE:SPOT) que disparoupara US$ 165,90 já na abertura com a compra de 5,7 milhões de ações, 27% acima do valor de referência de US$ 132. O papel perdeu força e fechou a US$ 149,01, alta de 13%.
A Amazon (NASDAQ:AMZN) se sustentou no positivo com ganhos de 1,5%, apesar de novo tuíte do presidente Donald Trump cobrando que a companhia pague mais pelo uso dos correios dos EUA.
I am right about Amazon costing the United States Post Office massive amounts of money for being their Delivery Boy. Amazon should pay these costs (plus) and not have them bourne by the American Taxpayer. Many billions of dollars. P.O. leaders don’t have a clue (or do they?)!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 3, 2018
Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quarta-feira:
STF julga habeas corpus de Lula
O mercado acompanhará atentamente o julgamento do habeas corpus de Lula no Supremo Tribunal Federal que terá início nesta quarta-feira às 14h. Os ministros julgarão se o petista deverá aguardar em liberdade os recursos contra sua condenação no caso do tríplex ou se a ordem de prisão poderá ser expedida.
A decisão é importante para os investidores, pois o ex-presidente lidera as intenções de votos em pesquisas do Ibope e do Datafolha e tem sido um crítico da política econômica e líder dos que se opõem às reformas. Se Lula conseguir fazer valer a tese da defesa e garantir que não será preso nos próximos meses, a formação de alianças políticas em volta de seu nome – ou de um indicado, caso fique inelegível – poderá reduzir o apoio aos candidatos que defendem publicamente as reformas, o que aumentaria o risco do mercado brasileiro.
No caso de prisão do petista, o espectro antirreformista e hoje personificado no Lula perderia força e o caminho ficaria mais aberto para candidatos pró-mercado.
As apostas de analistas políticos estão divididas, pois não se tem certeza da dinâmica do julgamento. Apesar de ser um caso específico, os ministros poderão optar por ampliar a discussão e debater abertamente a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.
Parte dos analistas acreditam que o voto decisivo será o de Rosa Weber, pois a ministra tem seguido a jurisprudência de permitir a prisão mesmo sem concordar com a tese. Como o julgamento vale apenas para o caso de Lula, Weber pode decidir manter sua conduta e votar contra o ex-presidente, acompanhando, assim, a provável maioria composta por Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.
Caso a discussão seja ampliada e Rosa Weber passe a discutir a questão da ampliada prisão antes do trânsito em julgado – não só para o caso do ex-presidente Lula –, a expectativa é que a ministra vote com sua opinião de proibir o cumprimento de pena, acompanhando, então, a posição de Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
O STF tem estado sob intensa pressão interna e externa para rediscutir o tema da prisão antes do trânsito em julgado com especial foco das críticas na presidente Cármen Lúcia, que rejeita pautar o tema.
Nos últimos dias, abaixo-assinados defendendo as duas posições foram entregues ao Supremo e diversos atores políticos têm se posicionado publicamente.
O Investing.com Brasil transmite ao vivo a sessão no STF.
Petróleo: foco em estoques e produção nos EUA
O petróleo se recuperou hoje de parte do tombo de quase 3% de segunda-feira com a aversão ao risco global após a China retaliar e taxar importações dos EUA, mas seguiu limitado enquanto os investidores aguardam a publicação semanal de dados de estoques.
A expectativa do mercado é que a agência de energia do país publique uma alta de 246 mil barris nos estoques comerciais, o que seria a segunda consecutiva após o 1,6 milhão de barris divulgado na semana passada.
O estoque de gasolina também será monitorado, pois é um indicativo da demanda por combustíveis do maior mercado consumidor do mundo. Os analistas projetam uma redução de 1,26 milhão de barris.
Outro dado aguardado com atenção é a produção de petróleo dos EUA, que deverá atingir novo recorde, acima dos 10,43 milhões de barris diários divulgados na semana passada. Na sexta-feira, a Baker Hughes mostrou que a atividade de exploração arrefeceu com a redução no número de sondas sob contrato, o que, se confirmar nova tendência, deverá reduzir o ritmo de alta na produção do país.
Emprego, PMI, Fed e consumo nos EUA; Leilão e PMI no Brasil
O calendário econômico desta quarta-feira será um pouco mais movimentado nos EUA com a publicação de importantes indicadores da economia.
Pela manhã, serão conhecidos os números de emprego medidos pela ADP, que é tido como uma prévia do Payroll, marcado para sexta-feira. A expectativa do mercado é de criação de 205 mil vagas em março, pouco abaixo dos 235 mil do mês anterior.
O PMI não-industrial medido pelo ISM sai às 12h e a previsão é de um ligeiro arrefecimento para 59,2, contra os 59,5 da leitura anterior. Os números da Markit de serviços saem mais cedo e o mercado projeta aceleração para 54,3 pontos.
Os dados de bens duráveis e encomendas à indústria ajudarão os investidores a medir o impacto do corte de impostos sobre o consumo.
Amanhã, dois diretores do Federal Reserve farão pronunciamento público. Às 10h45, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, discursará, enquanto a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, falará às 12h.
No Brasil, amanhã será a vez do setor de energia elétrica medir o interesse dos investidores com o Leilão A-4 com a oferta de projetos que somam 47 GW, após o bem-sucedido leilão de blocos de petróleo. Segundo o Valor, a expectativa é de pouca demanda e forte deságio.
Às 10h serão publicados os dados de PMI de Serviços e o Composto, medidos pela Markit.