Comprar ou vender?

Veja ações fora do radar e um setor “manjado” para enfrentar o ano eleitoral de 2022

24 nov 2021, 18:56 - atualizado em 24 nov 2021, 18:56
Eleiçoes
O único consenso entre os analistas consultados foi a estratégia de fugir das ações de estatais (Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Alguns analistas acham que ainda é cedo para avaliar o impacto do cenário eleitoral brasileiro de 2022 sobre o mercado, mas outros acham que as instabilidades atuais já embutem muito desta discussão. O Money Times foi atrás de alguns especialistas para entender como se proteger ou ganhar com isto.

“De forma geral, as eleições passam a ser dominantes no segundo trimestre do ano da eleição, ou no final do primeiro. Foi assim em março de 2014, com o Aécio Neves, 2014 e, em 2018, quando Haddad e Ciro apareceram com boas pesquisas”, pontua Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset.

Ele avalia que os papéis que mais sofrem são as estatais, como Petrobras (PETR3; PETR4), Eletrobras (ELET3; ELET5; ELET6) e Banco do Brasil (BBAS3).

Siqueira vê a dinâmica fiscal muito ruim nos últimos meses e com a expectativa de quebra do Teto de Gastos. “Isso fez o Brasil entrar numa espiral negativa com aumento de prêmio de risco na curva de juros, depreciação do real e aumento das expectativas de inflação. É muito parecido com que a gente viu no segundo mandato da Dilma”, ressalta.

“Não temos visto o mercado subir ou cair por causa do aumento da vantagem dos candidatos A ou B nas pesquisas. Mas, de certa forma, já há preocupações com possíveis aumentos dos gastos eleitorais no preço dos ativos, já que isso acaba afetando o panorama fiscal, a curva de juros e, consequentemente, o valor das ações na Bolsa”, aponta o analista Ruy Hungria, da Empiricus.

Quero Quero
As ações da Lojas Quero-Quero são indicadas pela Empiricus para enfrentar o ano eleitoral (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Fora do radar

Segundo Hungria, da Empiricus, a expectativa é de que alguns candidatos acabem migrando para um discurso menos extremista e mais para o centro, o que favoreceria o setor cíclico doméstico, que ficou bastante depreciado depois da queda das últimas semanas.

“Por exemplo, shoppings (que também se aproveitam da reabertura), algumas varejistas como a Lojas Quero-Quero (LJQQ3) são companhias que, por mais que possamos ter instabilidades no meio do período, pensando num prazo maior, devem se sair bem mais fortes se essa tese de centro se confirmar”, avalia.

Já para se proteger, mesmo se o meio do caminho for muito ruim, um setor que costuma se sair bem em períodos conturbados é o dos “bancões” tradicionais, que acabam se aproveitando da alta de juros também e tem um longo histórico de rentabilidade, aponta Hungria.

Edson Fachin
Para o chefe de análise da Ohm Research, a decisão de Fachin sobre tornar Lula elegível foi o primeiro fato eleitoral que afetou o mercado (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Roberto Attuch, fundador e responsável pela análise da Ohm Research, entende que a questão eleitoral contaminou o mercado muito antes do que deveria em uma eleição normal, “e vamos continuar neste tom até o ano que vem”.

Ele cita a decisão do ministro do STF Edson Fachin, quando tornou Lula elegível, o que motivou uma “reação óbvia e imediata de que o presidente Jair Bolsonaro se tornaria mais populista”.

“A primeira tentativa dele de compra de popularidade foi através da Petrobras, que foi com a saída do Castello Branco. Mas a governança da empresa está mais blindada hoje. E há seis meses, pelo menos, não se fala de outra coisa no Brasil a não ser do novo Auxílio Brasil e como que isso vai ser pago”, ressalta.

Attuch ressalta ainda que todos os setores domésticos sensíveis a taxas de juros já foram prejudicados, “mas tem ação que já caiu muito. E não tem nada que pode mudar este cenário para o ano que vem”.

Petz
Os papéis da Petz são lembrados pelo gerente de análise da Ativa Investimentos (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

Para Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos, mesmo sem todos os nomes que vão concorrer conhecidos, oficialmente, a estratégia é a palavra-chave.

“O primeiro de tudo eu evitaria as empresas estatais, de um modo geral, principalmente as do governo federal: Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras, além de algumas estaduais elétricas. Eu também evitaria empresas muito alavancadas, como as do setor aéreo, alguma elétricas, além de BRF (BRFS3)”, avalia.

O que resta?

Serra argumenta que uma saída é a busca por empresas de qualidade, que podem enfrentar melhor a volatilidade.

“São aquelas que entregam bons resultados, independentemente do cenário, como a Vibra (VBBR3), Renner (LREN3), Arezzo (ARZZ3). No elétrico podemos separar algumas, como a Engie (EGIE3), a Equatorial (EQTL3) também, a Ambev (ABEV3) também. Algumas estreantes, como a Petz (PETZ3), apesar de ser recente é de qualidade. É um negócio bem resiliente. O setor farmacêutico também, com a RD (RADL3). O Grupo Mateus (GMAT3) e o Assaí (ASAI3) também tem qualidade, mas também crescimento”, conclui.

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