Tempo Real: Ibovespa se preparar para corte de gastos
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini
A dona da corretora Gradual Investimentos, Fernanda Ferraz de Lima Freitas, seu marido, Gabriel Paulo de Freitas Junior e o advogado da corretora, Wendel de Souza Silva foram presos provisoriamente pela Polícia Federal dentro da Operação Encilhamento, que investiga fraudes contra fundos de pensão de municípios.
As prisões temporárias atingiram outras figuras de destaque do mercado, como o ex-presidente do banco americano BNY Mellon no Brasil, José Carlos Lopes Xavier de Oliveira, também conhecido como Zeca, que chegou a negociar a compra da Gradual anos atrás. Zeca é também dono da gestora Bridge, que administra os fundos do empresário Nelson Tanure que são sócios da operadora de telefonia Oi.
O BNY Mellon era também o administrador do fundo Brasil Sovereign II, que captou R$ 384 milhões do fundo de pensão dos Correios, o Postalis, e investiu os recursos em recibos de papéis da Argentina e da Venezuela. O dono da gestora do fundo, a independente Atlântica, fugiu para os Estados Unidos pouco depois de fazer a operação. O Postalis processa o banco, responsabilizando-pelo prejuízo.
Em nota, a Gradual Investimentos informa que “executivos da empresa estão colaborando com a Polícia Federal em decorrência da Operação Encilhamento”, e que “a companhia reitera que segue contribuindo com as investigações de forma transparente para esclarecer o que for necessário às autoridades e provará suas alegações e os reais responsáveis”.
Operação Rizoma
Vários outros executivos de mercado também foram presos na operação, além da advogada Meire Poza, que trabalhava como contadora para o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato. O empresário Arthur Pinheiro Machado, dono da Americas Trading Group (ATG), que foi preso ontem em outra operação da Polícia Federal, a Rizoma, sobre irregularidades na oferta de investimentos para os fundos de pensão Postalis, dos Correios, e Serpros, do Serpro, também teve seu nome citado entre os que tiveram mandado de prisão na Encilhamento. Foram presos também políticos e diretores de fundações de Uberlândia.
A lista dos presos circula no mercado extra-oficialmente, já que a Polícia Federal não divulgou os nomes das pessoas presas.
Debêntures de empresa de tecnologia
Fernanda e a Gradual foram envolvidos na polêmica venda de debêntures de uma empresa de tecnologia, a ITS, controlada pelo marido da empresária para um fundo de pensão administrado pela corretora. A empresa gestora do fundo, a Incentivo Investimentos, acusou a corretora de não a ter consultado e exigiu o cancelamento do negócio, abrindo diversas ações contra a Gradual, que respondeu com uma investigação nos fundos de municípios geridos pela Incentivo e que também tiveram prejuízo com debêntures de empresas de pequeno porte. Já a Gradual acusou a Incentivo de cobrar 25% do valor para autorizar a compra das debêntures para o fundo e de fazer o mesmo com outras empresas. A emissão foi de R$ 30 milhões e foi, posteriormente, resgatada pela Gradual.
Papel Fantasma
Em meio às trocas de acusações, a Polícia Federal começou a investigar as operações na chamada Operação Papel Fantasma, de julho de 2017, da qual se originou a Encilhamento. Na ocasião, o caso envolvendo a Gradual e a Incentivo e os regimes próprios de previdência municipais levou executivos da corretora a prestar esclarecimentos.
“A Prefeitura não cria fundos, ela tem um regime próprio de previdência. Ela contrata uma corretora que, de acordo com as investigações, estruturava os fundos e esses fundos compravam os papeis de empresa de fachada. Os fundos, então, são parte da fraude”, declarou na época o delegado de Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves.
A Papel Fantasma identificou seis fundos que investiram nesses papéis e que causaram prejuízos para os institutos de previdência municipais e para as prefeituras e seus funcionários, que terão menos dinheiro para o pagamento de benefícios e pensões.
Na operação de hoje, a PF estima que as debêntures emitidas por essas empresas de fachada ultrapassam o valor de R$ 1,3 bilhão. Foram identificados 28 institutos de previdência municipal que investiram em fundos, adquirindo papéis sem lastro, segundo a PF. No momento, são investigados 13 fundos.
No caso da Gradual, o delegado da Papel Fantasma de a empresa que emitiu as debêntures tinha os mesmos sócios da corretora, o mesmo endereço e os mesmos diretores.
Os presos ontem pela Polícia Federal, segundo informações de mercado, foram:
Fabio Antonio Graces Barbosa, da FMB gestão de recursos
Fabricio Fernandes Ferreira da Silva ,da factoring ZFB Fomento Mercantil
Fernanda Ferraz Braga de Lima Freitas, sócia proprietária da Gradual Investimentos
Gabriel Paulo Gouvea de Freitas Junior, marido de Fernanda a sócio da Gradual
Wendel de Souza Silva, sócio da Gradual
Meire Bonfim da Silva Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef
Renato de Matteo Reginatto, consultor e candidato a deputado pelo PSB
Ariane Aparecida Mendes Sartori Reginatto, mulher de Renato
Pedro Paulo Corino da Fonseca, advogado
Edson Hydalgo Junior, sócio da distribuidora Intrader DTVM
Patrícia Almeida Alves Misson, consultora – DMF Financial Advisers.
José Barbosa Machado Neto, empresário sócio da IFC Food Company
Paulo Guilherme Gonçalves, empresário, sócio da IFC Food Company
Arthur Pinheiro Machado, presidente da ATG
Patrícia Bittencourt De Almeida Iriarte, sócia e diretora da ATG
José Carlos Lopes Xavier de Oliveira, ex-presidente do BNY Mellon e dono da Bridge
Alessandro Laber – doleiro
Claudio Roberto Barbosa, ex-presidente do Instituto de Previdência de Uberlândia
Gilmar Alves Machado, ex prefeito de Uberlândia
Marcos Américo Botelho, diretor do Instituto de Previdência de Uberlândia
Monica Silva Resende de Andrade, diretora do Instituto de Previdência de Uberlândia