Vários membros do Fed veem possível necessidade de redução mais acelerada de estímulos e alta antecipada nos juros
Vários formuladores de política monetária do banco central norte-americano disseram que estariam abertos a acelerar a conclusão de seu programa de compra de títulos se a inflação alta se mantivesse e também a agir mais rapidamente para aumentar as taxas de juros, mostrou a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed).
“Vários participantes observaram que o Comitê deve estar preparado para ajustar o ritmo de compras de ativos e aumentar o intervalo da meta para a taxa de juros mais cedo do que os participantes atualmente antecipam se a inflação continuar a rodar acima dos níveis consistentes com os objetivos do Comitê”, disse o Fed na ata da reunião de política monetária ocorrida em 2 e 3 de novembro.
Os membros do Fed decidiram por unanimidade naquela reunião começar a reduzir os 120 bilhões de dólares em compras mensais pelo banco central de títulos do Tesouro e de títulos lastreados em hipotecas, um programa introduzido no início de 2020 para ajudar a sustentar a economia durante a pandemia de Covid-19.
No ritmo original, as compras de ativos seriam reduzidas completamente até o próximo mês de junho.
Porém, há apelos crescentes por parte de alguns formuladores de política monetária para acelerar esse cronograma, por causa das elevadas leituras de inflação e de geração mais forte de empregos desde a reunião.
Eles defendem que isso daria ao Fed maior flexibilidade para aumentar sua taxa de juros de referência ante o nível atual, próximo a zero, no início ano que vem, se necessário.
Todos os sinais apontam que a aceleração da redução das compras de títulos agora é algo a ser debatido na próxima reunião do Fed, em 14 e 15 de dezembro.
Dados econômicos divulgados nesta quarta-feira mostraram que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de seguro-desemprego caiu na semana passada para o nível mais baixo desde 1969, enquanto a medida preferencial do Fed para inflação continuou em outubro a rodar em patamar mais de duas vezes acima da meta de média flexível de 2% do banco central.
A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, uma das mais cautelosas autoridades da instituição, também disse nesta quarta-feira estar aberta a uma redução mais rápida do programa de compra de títulos se os dados de empregos e inflação permanecerem estáveis e que ela enxergaria o comitê de política monetária do Fed (Fomc, na sigla em inglês) aumentando as taxas de juros uma ou duas vezes no próximo ano.
A inflação em outubro aumentou em seu ritmo anual mais rápido em 31 anos, o que testou a suposição de trabalho do Fed para a maior parte do ano de que o surto inflacionário induzido pela pandemia seria temporário, já que os gargalos de oferta diminuíram e a demanda passou de bens para serviços.
Algumas outras autoridades disseram recentemente que também estão mais confortáveis agora com um aumento da taxa de juros mais cedo no ano que vem do que o previsto anteriormente, observando que o ritmo atual de abertura de postos de trabalho colocaria o Fed no caminho de ficar perto ou cumprir sua meta de pleno emprego até meados de 2022.