Varejo: Todos querem ser marketplace, mas não é fácil
A ideia de vender os produtos de terceiros na própria plataforma é a nova moda entre as principais varejistas brasileiras que têm apostado no crescimento online. O marketplace – nome dado para este tipo de comércio – é a maior aposta da B2W, Magazine Luiza e Via Varejo, todas listadas na B3.
“O marketplace deve se tornar um importante driver de crescimento”, aponta o Citi em um relatório enviado a clientes com o título “Todos querem ser marketplace”.
Este tipo de canal, explica o analista Pedro Medeiros, “é desenhado para vendedores terceiros, que oferecem um amplo sortimento de produtos, com os custos de estoques dos vendedores, não do host do Marketplace. Isto explica o porquê muitas companhias estão entrando nesse segmento, como a B2W, a Magazine Luiza e a Via Varejo”.
Forte expansão
Em 2017, a B2W deixou claro que o objetivo é “crescer exponencialmente” neste segmento e migrar ainda mais os seus itens hoje em estoque de vendas diretas para otimizar a estrutura operacional. Esta decisão, contudo, traz um risco.
“Enquanto gostamos da mudança da companhia para um marketplace, acreditamos que os resultados de curto prazo serão duramente impactados pela contração de seu próprio negócio de e-commerce”, aponta Medeiros.
O “problema” é que a receita atribuída às vendas no marketplace não fica toda com o “host”. Por isso, trocar um produto de sua própria cesta para um de terceiros pode reduzir o que de fato entra no caixa. Já são aproximadamente 5.000 vendedores conectados na plataforma da companhia que engloba os sites Submarino, Americanas.com e Shoptime.
Magazine Luiza e Via Varejo
O Magazine Luiza, por sua vez, está também crescendo nesta área e já tem entre 100 e 150 parceiros. A meta é chegar em torno de 600 ao final do ano. A aposta da empresa tem suporte no foco da cultura digital por meio da Luizalabs. Esta área de TI trabalha em tempo integral para construir soluções internas para melhorar a usabilidade do e-commerce da varejista. Este time foi reforçado com a compra recente da Integra Commerce, especializada na integração e gestão do relacionamento entre lojistas e “marketplaces”.
A Via Varejo, que engloba as operações do Pontofrio, Casas Bahia e Extra, chegou a 4 mil vendedores em sua plataforma. No online, a participação do marketplace (Gross Merchandise Value – GMV) na receita subiu de 15% para 20% entre o primeiro trimestre do ano passado para o mesmo período de 2017.
Vale lembrar que enquanto o GMV da B2W com o marketplace, segundo estimativas do Citi, pode dobrar para R$ 4,4 bilhões em 2017, isto é apenas uma fração do esperado para este ano do Mercadolivre de R$9,8 bilhões. A recomendação do banco para as ações é neutra, com um preço-alvo de R$ 15,40.