Varejo: Muitos empresários querem surfar onda e esquecem que ela tem fim, diz economista
Em meio a cenário macro difícil, Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, traça um cenário pessimista para as varejistas. Na Bolsa, as ações têm um ano para esquecer.
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Os papéis da Americanas (AMER3), entre os dias 13 de maio e 10 de junho, despencaram de R$ 1,28 para R$ 0,34, perda de 73,44% Outra queda expressiva nas últimas semanas é dos papéis Magalu (MGLU3), de cerca de 27%. Já as ações das Casas Bahia (BHIA3) recuaram R$ 15,98% no mesmo período.
“Olhando uma classificação de análise de balanço, que nós pegamos de AA até H, que é a resolução 2682 do Banco Central, hoje a maior parte das varejistas está na parte de baixo: E, F e H. Ou seja, de altíssimo risco. Inclusive, sobre algumas, a gente recomenda não conceder crédito. Ou conceder mediante algumas contrapartidas”, afirmou o economista durante o Fórum MoOve On 2024.
Agostini avalia o risco corporativo indiretamente, por meio dos balanços que vêm sendo divulgados.
“Infelizmente é uma fotografia muito ruim. E com uma dificuldade de performance. Inclusive, algumas famílias que são majoritárias dessas empresas terão que fazer aportes pela sobrevivência das companhias e, cada vez mais, nós vamos ver Recuperação Judicial e negociações com credores”, alerta.
Para Agostini, o grande problema está relacionado à postura do empresariado. “Crescer desenfreadamente quando a maré positiva cria um risco quando a maré baixa. No Brasil, muitos empresários querem surfar numa onda e esquecem que ela tem fim”, ressalta.
A conjuntura atual também não dá indicativos de que, no curto prazo, haja uma perspectiva de melhora do cenário para estas empresas.
“O Banco Central também já indicou que irá desacelerar ainda mais o ritmo de corte (na taxa de juros), não de intensidade, mas de tempo. Isso tem, naturalmente, impacto no crescimento econômico e na arrecadação”, observa.