Vanguard aposta em títulos ‘baratos’ da América Latina
Um gestor de fundos que superou 99% dos pares nos últimos três anos acumula títulos de dívida da região com pior desempenho do mundo em desenvolvimento.
Dan Shaykevich, corresponsável por títulos de mercados emergentes e soberanos do Vanguard, aumentou as posições em dívida soberana e corporativa da América Latina em seu fundo de US$ 1,8 bilhão para mais de 40% neste ano, 5 pontos percentuais acima do nível no final de 2020. Segundo ele, os títulos estão baratos após um início de ano difícil.
A América Latina é a única região em mercados emergentes onde os spreads de títulos em dólar aumentaram neste ano, de acordo com índices do JPMorgan, pois a piora da pandemia agravou a crise econômica e reforçou a expectativa de rebaixamentos das dívidas.
É uma virada em relação a novembro e dezembro, quando os títulos da região registraram melhor desempenho em relação a pares em meio ao maior apetite por risco.
“Certamente, vemos a América Latina como atraente em relação à Ásia e ao Oriente Médio”, disse Shaykevich. Em outros mercados, com poucas exceções, os títulos estão muito caros ou muito arriscados. “As emissões recentes aliviaram o desequilíbrio entre oferta e demanda na América Latina, tornando vários desses créditos atraentes.”
Na região, o gestor prefere títulos de países que mantiveram as contas públicas sob controle durante a pandemia, como México e Guatemala.
Ele também gosta dos títulos da Colômbia e diz que os temores de rebaixamento para a categoria de alto risco são exagerados.
No lado corporativo, ele comprou títulos de algumas das empresas brasileiras que chegaram ao mercado neste ano.
O fundo Vanguard Emerging Markets Bond, que Shaykevich ajuda a administrar, superou 99% dos pares nos últimos três anos. O fundo ofereceu retorno de 15% em 2020, superando o ganho de 5,3% do índice do JPMorgan.
Shaykevich disse que mais oportunidades podem surgir, já que os preços dos títulos de mercados emergentes podem cair nas próximas semanas, pois, mesmo com o alto volume de oferta no início do ano, as dívidas ainda são negociadas perto de níveis recordes.
“O mercado está um pouco mais frágil hoje do que há um mês”, disse. “Francamente, não me surpreenderia se visse uma correção entre pequena e modesta dos spreads nas próximas duas semanas.”