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Vamos (VAMO3): Ações caem 9% após números do 2T24, mas 3 analistas recomendam compra; veja por quê

06 ago 2024, 11:49 - atualizado em 06 ago 2024, 11:49
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Ações da Vamos caem no pregão desta terça-feira (06), em reação ao balanço do 2T24 (Imagem: Vamos/Divulgação)

As ações da Vamos (VAMO3) assumiram a dianteira entre as maiores perdas do Ibovespa (IBOV) já na primeira meia hora de pregão, em reação ao balanço do segundo trimestre de 2024 (2T24) divulgado na noite anterior. Por volta de 11h20, os papéis caíam 9,03%, a R$ 8,16.



A companhia de aluguel e gestão de frotas de veículos pesados teve lucro líquido ajustado de R$ 205,5 milhões no segundo trimestre, quase o dobro dos R$ 107 milhões de um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 875,7 milhões, avanço de 31,6% na mesma comparação, contra expectativa média de analistas de 897,5 milhões.

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Os números vieram em linha com as estimativas do Bradesco BBI, que mantém sua recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 12.

Para os analistas, os resultados sólidos na divisão de aluguel de caminhões, o crescimento anual comporto (CAGR) esperado para o lucro líquido para 2024-27 de 32% e um RoIC (retorno sobre o capital investido) ajustado de 14,7% no 2T24 nos últimos 12 meses justificam a indicação.

Ainda, destacam que VAMO3 está negociando a 12,6x o múltiplo P/L (preço sobre o lucro) esperado para 2024, um desconto de 31% em relação à sua média histórica.

Já a XP Investimentos destaca a continuidade dos fortes resultados de aluguel, embora pontuem dois contratempos:

  • resultados sequencialmente mais fracos das concessionárias;
  • altos níveis de retomada de ativos alugados, ou seja, maiores taxas de inadimplência esperadas.

Neste cenário, a casa atualizou o modelo alcançando um lucro líquido 13% maior em 2024E e números inalterados a partir de 2025E, tendo em vista a redução da estimativa de investimento líquido para 2024E em 11%.

“Continuamos a considerar o valuation atrativo em 9,6x P/L 2025E, apesar do elevado crescimento e retornos. Reiteramos nossa recomendação de compra“.

Ainda que os resultados ajustados tenham vindo em linha com as estimativas da Genial Investimentos, os analistas da casa avaliam como negativo, devido a surpresas relacionadas a inadimplência.

“A Vamos aproveitou o contexto das notícias ruins referentes aos desastres no Rio Grande do Sul (R$ 19,3 milhões) para reconhecer provisões para devedores duvidosos (PDDs) em seus contratos de locação (R$ 78,6 milhões), empacotando e entregando todas as notícias negativas de uma única vez”, afirmam.

Ainda, a Genial adiciona que, para eventuais retomados relacionados a contrato de cessão de recebíveis, a companhia tem a prerrogativa de substituição dos contratos ou pré-pagamento dos fluxos futuros relacionados, não gerando, portanto, efeito no resultado financeiro.

Ou seja, o aumento das PDDs e a da retomada de ativos por cancelamento de contrato podem gerar um consumo de caixa maior que o previsto em 2024.

Do lado positivo do balanço, os analistas apontam que o volume de contratos adicionados veio em linha com as expectativas, indicando um crescimento contratado interessante no segmento de locação.

Já do lado negativo, avaliam esse como mais um trimestre de aceleração do volume de imobilizado locado retomado, que atingiu valor recorde de R$ 450 milhões, equivalentes a R$ 447 milhões de Capex.

A Genial vê a companhia sendo negociada 11,1x P/E 2024E, muito abaixo do que consideram justo. Após a incorporação dos dados do 2T24, a casa segue com indicação de compra e preço-alvo de R$ 12,40.

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O 2T24 da Vamos

A Vamos afirmou que os resultados sofreram impacto das chuvas no Rio Grande do Sul – R$ 19,3 milhões – e relativo à inadimplência de clientes – R$ 78,6 milhões.

“Esse efeito ocorreu tendo em vista o agravamento nas condições financeiras de determinados clientes, principalmente atuando no setor de transportes do agronegócio (grãos no Centro-Oeste)”, afirmou a empresa no balanço.

Segundo a Vamos, muitos desses clientes entraram em recuperação judicial e, por isso, “passamos a considerar, nesse trimestre, como remotas as chances de recuperação desses créditos”.

A companhia terminou o primeiro semestre com alavancagem de 3,39 vezes, abaixo das 3,52 vezes de um ano antes. A dívida líquida, porém, cresceu 19%, a R$ 10,7 bilhões.

A Vamos atingiu 50.384 ativos no segmento de locação, um crescimento de 11,3%. Do total, 39.790 são caminhões e implementos e 10.594 máquinas e equipamentos.

O chamado “backlog implantado”, a soma de receita de aluguel contratado para os próximos anos, somava 14,1 bilhões ao final de junho, praticamente estável ante o primeiro trimestre e acima dos 12,56 bilhões do final de 2023.

*Com informações da Reuters

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.