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Valter Outeiro: O que tira o sono dos investidores

04 jul 2020, 11:00 - atualizado em 03 jul 2020, 21:24
Dólar
“A fuga pela liquidez favorece a busca pelo dólar, moeda global de reserva de valor, pelo menos até o mundo curar”, afirma o colunista (Imagem: Pixabay)

Crescem as preocupações no mercado de que o Federal Reserve perdeu a mão na condução da política monetária.

Segundo Nick Panigirtzoglou, analista quantitativo do JPMorgan, a preocupação fundamental dos clientes para o segundo semestre não é uma segunda onda do coronavírus, tampouco as eleições presidenciais de novembro: o que tira o sono dos investidores é um eventual erro do Fed.

“Um dos principais tópicos de discussão com os clientes nas últimas semanas tem sido os riscos negativos para as ações e para o mercado como todo no segundo semestre deste ano. Dos três riscos principais mencionados por clientes, segunda onda do coronavírus, surra dos democratas nas eleições presidenciais dos EUA e erro de política monetária, é o terceiro que mais os preocupa”.

Um motivo de receio pode ser visto através do gráfico do Goldman Sachs, com o tamanho das compras do Fed em relação ao PIB dos EUA:

Fonte: Bloomberg, Haver Analytics, Godsman Sachs Global

Os “recursos ilimitados” de Jerome Powell ficam mais do que claros no gráfico. Na teoria, se a dívida é alta, a moeda tende ser mais fraca.

No entanto, para Kit Juckes – estrategista global do Société Générale – a resiliência do dólar vai permanecer por um tempo na mesa.

Em entrevista à Bloomberg, Juckes avaliou: “nós precisamos que o mundo cure antes” do dólar começar a recuar frente às principais moedas do mundo (euro, iene e franco suíço).

A fuga pela liquidez favorece a busca pelo dólar, moeda global de reserva de valor, pelo menos até o mundo curar.

Pizza, bancos e varejistas

Hebert Simon trouxe o conceito de “racionalidade limitada” dos indivíduos, no qual os agentes contrariam a otimização neoclássica e ficam felizes com resultados satisfatórios.

Traduzindo, imagine a seguinte situação hipotética: ao pedir pizza em um sábado a noite, você tem duas opções:

1) Liga para todas as pizzarias da cidade, verifica a taxa de entrega em todas, faz o orçamento de todos os sabores, verifica a qualidade dos ingredientes e a procedência do pizzaiolo;

2) Pega o panfleto na gaveta, verifica qual tem de promoção ou pede sugestão para um amigo sobre uma pizzaria boa.

A primeira situação é otimizadora, a segunda satisfatória, evidenciando a genialidade de Simon porque provavelmente você já deve ter feito a segunda.

Agora eu tenho uma dúvida: como uma varejista, que não produz nada, só vende, vale mais do que um dos maiores bancos do país?

Pela racionalidade substantiva, isso seria impossível. Pela racionalidade limitada, somos todos sujeitos a falhas (e a bolhas).

Quem paga a conta?

Na coluna Mind The Gap aqui do Money Times, Marink Martins retoma o final do padrão-ouro e a década de 1970, marcada pela perda da produtividade da indústria norte-americana e pela ascensão do Japão e da Alemanha, para avaliar por qual maneira a atual política monetária dos EUA, aliada a expectativa de custos mais altos de produção, pode provocar inflação a frente e, com isso, queda nos lucros (e nas ações).

Aqui na Inversa Publicações, trabalhamos incessantemente para trazer o conteúdo mais avançado às suas mãos, unindo a vanguarda do conhecimento científico com às melhores mentes do mercado brasileiro, no casamento perfeito entre teoria, prática e experiência.

Aproveito para indicar a leitura do livro “30 Lições do Mercado” de Ivan Sant’Anna. Esta é uma leitura obrigatória para qualquer nível de investidor, basta clicar aqui.

Abraços,

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