Colunistas

Valter Outeiro: Mercado como Deus

28 set 2020, 19:00 - atualizado em 28 set 2020, 11:03
Igreja Religião
Mercado se assemelha a Deus pelas três características de onipresença, onipotência e onisciência (Imagem: Joshua Eckstein/Unsplash)

Tomo emprestado título do texto de Harvey Cox, ex-professor da Harvard Divinity School que, por indicação de um amigo, começou a acompanhar a economia e os mercados financeiros.

Ao iniciar sua imersão, Cox percebeu que o mercado possuía as três características de Deus: a onipotência, a onisciência e a onipotência.

“Esperando uma terra incógnita, encontrei-me, longe disso, na terra do déjà-vu. O léxico do The Wall Street Journal e das seções de negócios da Time e da Newsweek revelaram uma semelhança surpreendente ao Gênesis, à Epístola dos Romanos e à Cidade de Deus, de Santo Agostinho”.

“Por trás de descrições de reformas de mercado, de política monetária e das convulsões da Dow, montei as peças de uma vasta narrativa sobre o sentido íntimo da história humana, o motivo por que as coisas tinham dado errado, e como corrigi-las. Teólogos chamam a isso de mitos de origem, narrativas da queda e doutrinas do pecado e da redenção”.

Compartilho com você mais dois trechos do texto de Cox:

“No ápice de todo sistema teológico, evidentemente, está seu princípio de Deus. Na nova teologia este pináculo celestial está ocupado pelo Mercado, que escrevo com maiúscula para denotar o mistério que o cerca e a reverência que ele inspira na gente do business. Crenças diversas possuem, naturalmente, diferentes pontos de vista acerca dos atributos divinos”.

“A fé verdadeira, diz São Paulo, é a evidência das coisas não vistas”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Reflação com Biden ou Trump

Políticas reflacionárias procuram através da via fiscal e/ou monetária reativar o crescimento econômico, estimulando consumo e combatendo os riscos deflacionários, geralmente presentes após períodos de incertezas econômicas ou recessões.

Exemplos de políticas reflacionárias são redução de impostos, diminuição dos juros, alterações na oferta de moeda e aumento do investimento público, gerando emprego, atual calcanhar de Aquiles do Brasil (sem qualquer prognóstico de melhora).

Independente se ocorre alternância de poder, políticos no primeiro ano do mandato tendem a exacerbar aos sete ventos os motivos pelos quais foram escolhidos, traduzindo-se na utilização da máquina pública para interesses privados.

Gráfico fornecido pelo Goldman Sachs mostra a relação entre Treasuries e eleições, apesar de, na situação fiscal corrente dos EUA, qualquer trilhão de dólares ser marginalmente nada:

Interessante notar dois pontos nos gráficos acima: o aumento do rendimento de 10 anos das Treasuries e a tendência altista da bolsa após diminuição das incertezas na economia.

Encerro com quadro fornecido pelo Goldman Sachs listando os possíveis impactos e com link para o ZeroHedge, site utilizado como fonte:

Diferentes cenários sob controles democrata e republicano do legislativo/Fonte: Goldman Sachs

A tecnologia boa

A tecnologia hoje em dia possui as três características de Deus, sendo onipresente, onisciente e onipresente em nossas vidas.

Sem comentar sobre o documentário atual proliferado em todos os sites sobre como empresas utilizam a tecnologia ao nosso desfavor, trago para você algo relativamente novo no Brasil.

Após em 2017 trazer o universo das criptomoedas para pessoas comuns, como eu e você, mais uma vez a Inversa revoluciona ao trazer a análise quantitativa para todos.

Para pessoas iguais, como eu e você, e não pessoas “mais iguais do que outras”, parafraseando a “Revolução dos Bichos” de Orwell.

Agora é a hora de fazer 1984 jogar a seu favor (finalmente).

Estamos juntos. Somos iguais.

Um grande abraço,

Valter.

Leia o texto de Cox na íntegra: