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Valter Outeiro: Como escolher uma ação?

26 jul 2020, 11:03 - atualizado em 24 jul 2020, 20:21
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Gestor de hedge fund lista seis etapas para escolher uma ação (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

No livro The Market Wizards, indicado pelo mestre Ivan Sant’Anna na série Warm Up Pro da Inversa, o gestor de hedge fund Michael Lauer cita seis passos para escolher uma ação:

1) Conhecimento da indústria e acesso ao management: a parte de entender como o setor de atuação funciona serve para avaliar como o segmento se comportará nos próximos meses e anos.

Na parte de acesso ao management, devemos entrar no website de Relações com Investidores da empresa e em menos de um minuto ter acesso ao último resultado trimestral: se não tiver exposto, existe algo para ser escondido.

2) Queda de 50 pontos percentuais acima do índice de referência no período analisado: como exemplo, se o Ibovespa caiu 10% em um momento, a ação deve ter desvalorização superior a 60%.

Como exemplo, nos últimos 12 meses, tendo o Ibovespa apresentado desvalorização próxima a 1,75%, existem as seguintes ações com queda superior a 51,75%: IRB (IRBR3), Azul (AZUL4), Embraer (EMBR3), CVC (CVCB3) – com baixas respectivas de 71,35%; 59,85%; 58,29% e 53,24%.

3) Análise do balanço contábil: verificar empresas penalizadas por resultados recentes, olhar se a dívida é compatível com o fluxo de caixa e comparar o quanto a ação vale no mercado com o valor patrimonial.

4) Comprometimento da diretoria e da empresa: quando as ações estão no momento sendo compradas por executivos ou pela tesouraria do negócio, a probabilidade de queda se torna diminuta.

5) Análise do valor: o valor deve ser extremamente convincente, usando como métrica fluxo de caixa, preço sobre vendas, valor patrimonial e, acima de tudo, qual valor a empresa seria vendida caso viesse uma proposta de compra.

6) Algum ponto de catálise: qual motivo levará a ação da empresa subir?

Reestruturações, mudança de quadro de prejuízo para lucrativo, alterações que signifiquem desenvolvimento corporativo: devem ser eventos que a comunidade de investidores avalie positivamente e aprimore suas expectativas para a empresa.

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Risco adormecido

Em relação aos temas da semana, a crescente crise diplomática entre China e EUA provocada pelo fechamento dos consulados de Houston e, posteriormente, de Chengdu, acende um sinal amarelo para risco subliminar no momento atual de pandemia, porém altamente explosivo.

O risco de aumento da temperatura se eleva pelas narrativas atuais em torno das campanhas eleitorais de Biden e Trump, que utilizam a China como bode expiatório para o desemprego nos EUA diante da terceirização da indústria norte-americana devido aos custos de mão-de-obra baixíssimos no gigante asiático.

Resumindo: em eleição, tudo pode acontecer e, pela lógica do inimigo constante, as narrativas de ataque à Pequim devem propalar.

Narrativas contra a China devem aumentar (Imagem: Reuters/Leah Millis)

Para as empresas, como muitas utilizam cadeias produtivas na China, medidas mais duras do governo de Xi Jinping em resposta aos ataques eleitoreiros podem resultar em diminuição dos lucros e, em decorrência, menor distribuição para acionistas.

E, cá entre nós, apesar da percepção de “o vencedor leva tudo” no setor de tecnologia (pare e pense: você está lendo em um navegador do Google (GOGL34) ou da Microsoft (MSFT34), dentro de um sistema operacional da Apple (AAPL34), do Google ou da Microsoft) é um pouco embaraçoso compreender a realidade de uma ação ser negociada em patamar acima de 100 vezes o seu lucro.

A renda fixa da década

Seja pelo helicóptero do Federal Reserve, seja pelos trilhões de ienes, euros e tudo que puder ser impresso para salvar economias a base de analgésicos, ou ainda pelas expectativas mais do que crescentes de inflação no horizonte (2021, 2022 e por aí vai), o ouro ultrapassou a marca dos US$ 1.900 e atingiu maior patamar desde 2011.

Antes visto como hedge na montagem de portfólios, agora o ouro se transforma na próxima renda fixa da década: você pode saber como investir neste metal precioso aqui.

Para finalizar, deixo um gráfico da relação entre fluxo de caixa e o valor de mercado de Apple, Microsoft e Amazon (AMZO34), comparando o momento atual e a bolha das Pontocom em 2001, com uma pergunta: se a bolha estourar, todo mundo vai correr para o _ _ _ _ (começa com “ou” termina com “ro”).

(Fonte: TheFelderReport.com)

Aproveito para indicar a leitura sobre a 5ª onda do ouro, veja os melhores fundos de ouro que são confiáveis e lucrativos para você montar sua proteção financeira neste momento.