VALE3 e USIM5: Itaú BBA rebaixa uma ação e vê outra como ótima para dividendos
O setor de mineração e siderurgia não teve um bom ano, com a maioria das ações com quedas acima de 20%. Mesmo assim, o Itaú BBA ainda vê algumas oportunidades, embora de maneira escassa.
Entre os papéis que perderam o brilho está a Usiminas (USIM5). Os analistas cortaram a recomendação de compra para neutra, citando uma deterioração do cenário macro brasileiro.
Desde que o governo apresentou pacote de gastos visto como insuficiente pelo mercado, as expectativas pioraram, com previsão de Selic a, pelo menos, 14,25%, enquanto o dólar negocia acima de R$ 6.
“Os produtores de aço estão mais expostos ao enfraquecimento do momento econômico no Brasil, e estamos cautelosos em relação ao setor”, dizem.
Para o Itaú, mesmo em um cenário de real mais depreciado, aumentos significativos de preços domésticos em 2025 não são garantidos.
Na bolsa, a Usiminas caia 2%.
Boa pedida para a Vale
Por outro lado, a Vale (VALE3) continua sendo uma boa pedida para o BBA. Os analistas argumentam que a empresa deverá gerar caixa decente, com uma boa distribuição de dividendos.
No caso da CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4), não houve nenhuma alteração, com a primeira com indicação neutra, a segunda com venda e a terceira com compra.
“Vemos um enfraquecimento do momentum de lucros para a Gerdau no quarto trimestre e primeiro trimestre de 2025. No entanto, estamos mantendo nossa recomendação de desempenho superior, pois favorecemos a empresa em relação a outras empresas siderúrgicas devido a uma avaliação mais atraente”.
Em 2025, o Itaú prevê que os preços médios do minério de ferro sejam de US$ 95/tonelada (uma redução de US$ 15/tonelada em comparação a 2024), impulsionados pela fraca demanda por aço na China, um ambiente de comércio global desafiador e um aumento nas adições de capacidade.
Na China, maior cliente do minério brasileiro, os analistas dizem que a economia da potência teve tendências mistas, em um “modo de velocidade” duplo: desempenhos fortes na produção industrial e exportações, mas atividade de construção fraca e vendas no varejo pouco inspiradoras.
“Notavelmente, os dados de outubro mostraram uma melhora nas despesas de capital em infraestrutura. Este modelo de crescimento de velocidade dupla evitou, no geral, um declínio significativo na atividade econômica chinesa, apesar dos desafios enfrentados pelo setor imobiliário”, afirmam.
Selic mais alta vai atrapalhar vida das empresas?
No geral, o Itaú diz que a situação fiscal no Brasil não mostra melhorias estruturais e carrega riscos crescentes tanto em termos de receitas (à medida que a reforma do imposto de renda avança nos procedimentos legislativos) quanto de despesas (com a luta para cumprir o teto de gastos).
“As altas taxas de juros continuarão a elevar os custos de financiamento das empresas, o que terá um impacto mais forte sobre aquelas que já estão altamente alavancadas ou têm dívidas de curto prazo”, afirma.
A taxa Selic está projetada para terminar 2025 em 15%, com a média do ano em 14,6%. A deterioração do PIB provavelmente será impulsionada tanto por estímulos fiscais reduzidos quanto por uma política monetária mais rígida, prevê.
Por outro lado, as empresas brasileiras experimentaram um forte impulso de lucros nos últimos anos, permitindo que reduzissem sua alavancagem financeira, estendessem seus cronogramas de vencimento e, muitas vezes, reduzissem seu custo de dívida.
“Como resultado, espera-se que um ciclo de altas taxas de juros tenha um impacto mais limitado em suas posições de balanço agora do que em outros períodos de política monetária contracionista”.