Perspectiva 2024

VALE3 ou CMIN3: Minério de ferro vai estender rali em 2024? Veja expectativas e a ação favorita entre analistas

14 dez 2023, 13:00 - atualizado em 14 dez 2023, 13:00
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(Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

As commodities metálicas estão se despedindo de um ano carregado de volatilidade. O minério de ferro, especialmente, viveu uma verdadeira montanha-russa em que o condutor foi a China.

As incertezas levantadas pelo mercado quanto ao ritmo de recuperação da segunda maior economia mundial mexeram com os preços da matéria-prima siderúrgica em 2023. Do rali ao tombo, e de volta ao rali, o minério de ferro segue entregando uma resiliência que vem surpreendendo boa parte dos agentes financeiros, sendo atualmente negociado acima de US$ 130 a tonelada.

Se, no início do ano, o movimento especulativo – ou olhar “viciado” do mercado, pelas palavras da Genial Investimentos – estava mais associado a expectativas do processo de reabertura após a política de Covid-Zero na China, desta vez, a crença maior recai sobre os estímulos adicionais por parte do governo chinês (com foco no setor imobiliário em crise) que podem equilibrar a dinâmica de oferta e demanda por aço.

“O mercado possui uma rápida reação nos preços, tentando adiantar os efeitos de algumas modificações nas condicionantes de oferta ou demanda, antes mesmo dessas variáveis trazerem suas próprias repercussões materializadas na economia real”, explicam analistas da Genial, em relatório publicado no início do mês.

Minério de ferro a quanto em 2024?

Na avaliação da Genial, a produção de aço deve apresentar leve recuo no próximo ano. Por outro lado, a demanda, pelo menos chinesa, deve subir 2,5% no comparativo anual, considerando:

  • pacote de incentivo para social housing;
  • investimentos em energia renovável, juntamente com os avanços nos setores de fabricação relacionados à transição energética;
  • indústria automobilística forte, especialmente para veículos elétricos;
  • investimentos em infraestrutura, sobretudo na matriz de transporte ferroviária; e
  • melhora no PMI industrial, ficando mais perto de 52 pontos (vs.~48 pontos em 2023).

Do lado da oferta, os estoques de minério de ferro devem subir devido à queda na demanda das siderúrgicas. O volume de minério de ferro nos portos tem aumentado e as companhias siderúrgicas podem reduzir a quantidade que transportam para dentro das usinas devido aos altos preços e à pressão do aumento dos custos do coque metalúrgico, que voltou a pressionar a margem.

Dessa forma, analistas da corretora veem que a tendência para os preços da commodity é de queda, embora o mercado deva contar com certos suportes que podem evitar que a desaceleração nos preços seja tão intensa.

A análise atual da corretora sugere que o minério de ferro deve ficar, em média, em US$ 115/tonelada em 2024, ante projeção de US$ 95 anteriormente. O primeiro trimestre do próximo ano deve ser marcado pelo minério de ferro a US$ 120/tonelada.

Para o longo prazo (2028), as estimativas foram mantidas em US$ 75/tonelada, diz a Genial.

O Itaú BBA também espera uma acomodação gradual dos preços do minério de ferro no próximo ano, considerando que o setor imobiliário chinês continua restrito de certa forma, o que pode pesar para o consumo de aço.

Já o BB Investimentos tem premissas mais conservadoras. Seu cenário-base leva em consideração um contexto “menos arrojado de expansão de “resultados” para empresas expostas a commodities.

De acordo com o BB, a restrição de oferta devido a menor produção deve manter os preços do minério de ferro elevados pelo menos ao longo do primeiro semestre, até dar início à correção, voltando ao nível de US$ 100/tonelada na segunda metade de 2024, “a depender também do ritmo de crescimento da atividade chinesa, em especial da retomada do mercado imobiliário”.

VALE3, CSNA3, CMIN3, GGBR4 e USIM5: onde investir em 2024

Com a proximidade de 2024, as instituições começaram a montar listas com as melhores ações para os próximos meses.

Do setor de mineração e siderurgia, o BB tem no radar apenas as ações da Vale (VALE3), que, segundo analistas, deve não apenas se beneficiar de um cenário favorável de demanda e preço de minério, como também do aumento de produção e da entrega de produtos de qualidade.

Um ponto levantado pela casa é que a Vale é uma boa opção de investimento pela parte de metais básicos (cobre e níquel) também. A companhia deve colher frutos do crescente processo de transição energética, gerando valor via ramp up de Salobo III e parcerias.

Ainda, analistas concordam que a tese da Vale atrai pelos dividendos. O BBA, que também tem o nome como uma das preferências para 2024, vê a ação negociada a 3,8 vezes EV/Ebitda (Valor da Empresa/Ebitda) para o próximo ano e uma geração de caixa decente, “o que acreditamos que será totalmente distribuído via dividendos ou recompra de ações”.

Além de Vale, Gerdau (GGBR4) é top pick no setor, apesar do momento fraco da indústria siderúrgica. A avaliação é de que a ação, negociada a 3,8 vezes EV/Ebitda para 2024, parece mais barata que os seus pares.

Por outro lado, o BBA entende que o declínio do Ebitda em direção a margens mais normalizadas nos Estados Unidos e o capex (investimentos) pesado da empresa devem levar a uma geração de caixa mais limitada até 2026. O yield de fluxo de caixa projetado para o período é de 8%.

Por fim, a Genial, entre Vale e CSN Mineração (CMIN3), tem recomendação de compra para ambas as teses, com preços-alvo de R$ 82,50 e R$ 7,60, respectivamente.

“Estamos otimistas que no CSN/CMIN Day a companhia irá divulgar mais crescimento para 2024”, comenta.

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