Comprar ou vender?

VALE3 e CSNA3: Safra vê poucas razões para ser otimista e rebaixa ações; veja novos potenciais

02 dez 2024, 12:38 - atualizado em 02 dez 2024, 14:02
Minério de ferro
(Imagem: Reuters)

Após um 2024 fraco, o próximo ano também não deverá ser muito convidativo para investidores com posição em minério de ferro, prevê o Safra em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (02).

Segundo o analista Ricardo Monegaglia, que assina o relatório, os preços da commodity até estão em um bom patamar, negociados a US$ 102,44. Porém, devem passar por correção nos próximos meses.

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“Após um profundo mergulho na perspectiva do mercado de minério de ferro, ficamos ainda mais negativos com as perspectivas de curto/médio prazo e, portanto, reduzimos nossas estimativas para a Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3)”, disse.

Dessa forma, o Safra cortou a classificação de compra para neutra em Vale, com preço-alvo de R$ 68, potencial de alta de 15,8%, antes em R$ 73, enquanto CSN foi para a venda, com preço-alvo de R$ 10,40, antes em R$ 15. No caso da CSN Mineração, o banco manteve a recomendação neutra, mas cortou o preço-alvo de R$ 5,8 para R$ 5,5.

Monegaglia recorda que preços do minério de ferro têm sido altamente voláteis, impulsionados pela incerteza sobre as medidas de estímulo da China e a recuperação econômica. Sem os estímulos chineses, diz, os preços podem cair ainda mais.

Os desafios incluem a mudança da potência para um novo modelo de crescimento, o mercado imobiliário fraco, a baixa rentabilidade das siderúrgicas, os altos estoques e a fraca confiança econômica. Além disso, uma nova oferta do produto (por exemplo, projetos da Vale e Simandou) é esperada.

Nos cálculos do analista, é esperado que os preços caiam para US$ 100 a tonelada em 2024 e, após uma alta sazonal para US$ 105 a tonelada no primeiro trimestre, diminuam para US$ 90/t no terceiro trimestre de 2025.

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Vale: catalisadores limitados

Na visão de Monegaglia, as preocupações com o macro e os preços do minério de ferro, juntamente com catalisadores limitados e um carrego menos atraente, podem compensar o impacto positivo dos resultados mais elevados e um EV/Ebitda (valor da empresa sobre resultado operacional) barato das ações.

“Apesar de vermos a Vale operando com uma avaliação barata (36% de desconto para a média do Rio e BHP e 13% de desconto para sua média de 5 anos), achamos que uma expansão de múltiplo reflete nossa estimativa de desconto justo de 17% para os pares australianos pelo seu modesto prêmio de rendimento de fluxo de caixa livre aos pares australianos (por exemplo, ~0,4% em 2025-27)”, diz.

CSN é venda

Monegaglia argumenta que a companhia, que acumula tombo de 43% no ano, será prejudicada por um conjunto de fatores, como:

  • geração de fluxo de caixa consistentemente negativa nos próximos anos (rendimento médio do FCFE de -42% em 2024-27);
  • prêmio EV/Ebitda sobre empresas siderúrgicas e mineradoras sob nossa cobertura

“Nos próximos anos, a geração de caixa da CSN se tornou mais negativa à medida que seus resultados caem com os preços do minério de ferro mais baixos, o investimento continua crescendo, as despesas com juros permanecem mais altas por mais tempo e a conversão do Ebitda para FCF é prejudicada pelos pagamentos antecipados”.

CSN Mineração

Para a CSN Mineração, o Safra argumenta que as ações podem enfrentar alguns ventos contrários em um cenário onde os preços do minério de ferro tendem a cair para US$ 90/t no 3T25 e o capex de expansão mais alto reduz a posição líquida de caixa da empresa.

Apesar disso, o analista optou por não rebaixar o papel para venda. Segundo ele, o preço de suas ações pode ser amortecido por sua pequena liquidez e pela continuidade dos altos retornos dos acionistas, incluindo dividendos e recompras.

“Além disso, em uma base relativa, esperamos que as ações da CMIN superem a CSN devido ao menor endividamento da CMIN, queima de caixa mais baixa e maior potencial de crescimento do EBITDA, o que acreditamos que compensará sua maior exposição ao minério de ferro”, diz.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.