VALE3, CSNA3, CMIN3: Até onde vai o rali do minério de ferro? Preços estão perto de cair, alerta BofA
Em dia negativo para o Ibovespa, parte das ações do setor de mineração e siderurgia busca se manter no lado dos vencedores.
Algumas empresas conseguiram vencer o “susto” da abertura e viraram para alta. É o caso de CSN (CSNA3), que subia 0,29% perto das 15h40 desta quarta-feira (22). A controlada CSN Mineração (CMIN3) se mostrava estável, enquanto Vale (VALE3) oscilava entre perdas e ganhos, mas com tendência de queda.
Mineradoras e siderúrgicas da Bolsa aproveitam a boa fase do minério de ferro. O rali dos últimos meses, impulsionado pelo processo de reabertura da economia chinesa após um período complicado de restrições contra o coronavírus no país asiático, fez com que as empresas expostas ao ingrediente siderúrgico se recuperassem da baixa em meados de 2022.
A recuperação dos preços do minério de ferro nesse último rali chamou a atenção de autoridades chinesas, que mostraram preocupações com as mudanças de preços e avisaram que iam apertar a supervisão para conter a especulação do mercado.
Dito e feito: ajustes para limitar as negociações de determinados contratos futuros entraram em vigor na noite desta terça, a fim de garantir a estabilidade no mercado.
Atualmente, os preços do minério de ferro giram em torno de US$ 130 a tonelada, bem acima dos patamares ideais considerados por agentes de mercado para a matéria-prima da siderurgia.
Na avaliação da Genial Investimentos, existe de fato certo nível de especulação em cima da curva de minério de ferro. Para a corretora, a curva em preços acima de US$ 110/tonelada não parece razoável, visto que a demanda das siderúrgicas chinesas não sustenta o nível dos preços.
Segundo a Genial, existe um descolamento da curva de preços com a economia real chinesa. O mercado parece ter colocado muita expectativa sobre a demanda futura chinesa e deve acabar se frustrando, com o impacto nas ações vindo mais à frente.
O Inter Research avalia que as incertezas quanto ao ritmo de produção siderúrgica chinesa continuam elevadas, trazendo desafios para a demanda de minério de ferro.
A instituição também acredita que ações como VALE3 estão “devidamente precificadas” nos patamares atuais e não devem subir muito mais.
Correção está próxima
A opinião do Bank of America (BofA) não destoa muito. Por mais que acredite que a sazonalidade pode dar suporte aos preços do minério de ferro no curto prazo, a queda está por vir.
“Os preços devem cair em direção à nossa média projetada para 2023 de aproximadamente US$ 100/tonelada, especialmente no segundo semestre”, afirma o banco, em relatório publicado na última semana.
Segundo o BofA, parecia uma boa ideia comprar ações expostas ao minério de ferro no fim do ano passado, mas a recente valorização parece tomar boa parte da expectativa sobre a retomada da China.
Em paralelo, analistas ainda não viram melhorias materiais nos fundamentos para justificar os níveis atuais, não mais sustentáveis, da commodity.
“A principal questão agora é: esse rali tem pernas?”, questiona a instituição.
O BofA chega a citar o descontentamento das autoridades chinesas com os preços atuais do minério de ferro, o que também serve como contrapeso para a manutenção dos níveis atuais.