VALE3 sobe após 7 quedas seguidas, apesar da baixa do minério de ferro; o que esperar da ação?
As ações da Vale (VALE3) apresentaram alta nesta terça-feira (7), apesar do recuo nos preços do minério de ferro na China.
A matéria-prima siderúrgica recuou nos mercados asiáticos, seguindo um movimento de correção nos últimos dias, após um rali movido pelas perspectivas de reabertura da economia chinesa diante da flexibilização da política de Covid Zero que paralisou as atividades do país.
Os futuros do minério de ferro mais negociados na Bolsa de Dalian encerrou o comércio diurno em queda de 0,7%, a 840,50 iuanes, ou US$ 123,86, a tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de março de referência da commodity chegou a cair até 2,4%, para US$ 120,30 a tonelada.
Traders estão mais contidos no otimismo, avaliando desta vez o aumento dos estoques portuários na China, somando-se a perspectivas mais fracas para a demanda.
Apesar disso, as ações da Vale subiram 0,66%, a R$ 88,07. Nesta terça, o setor de mineração e siderurgia apresentou performance mista.
De acordo com Lucas Bohn, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, o movimento da ação da Vale no dia reflete apenas uma correção técnica.
Com a alta neste pregão, a Vale quebrou a tendência de sete sessões consecutivas no vermelho. Desde a trajetória de queda firmada no fim do último mês, a mineradora caiu cerca de 10% na Bolsa.
Acabou o rali?
O mercado começa a avaliar a correção do minério de ferro e das ações expostas ao ingrediente siderúrgico. O especialista da Acqua Vero entende que o cenário projetado para a China, de uma economia “extremamente aquecida”, não deve se consolidar.
“Vale deve continuar se sustentando em patamares elevados, segundo o BTG Pactual. Porém, a gente tem que ter um pouco de cautela nesse momento por conta do receio com a recessão e, ainda, agora, com os novos temores de que a China não vai se reaquecer como o esperado”, diz Bohn.
A Verde Asset, uma das maiores gestoras de ativos do Brasil, iniciou recentemente posição short nas empresas ligadas a commodities metálicas.
“Após expressiva valorização dos ativos globais e locais de commodities metálicas neste movimento de reabertura chinesa, e considerando a assimetria agora proposta por preços e cenários, iniciamos uma posição short em empresas do setor”, comentou, em carta mensal de janeiro.
Alguns analistas do mercado também estão mais céticos em relação ao ritmo de recuperação da segunda maior economia do mundo.
Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research, reforça que a produção siderúrgica chinesa ainda está fraca. Segundo a especialista, é necessário ver dados “mais contundentes” para confirmar se o processo de reabertura dará a guinada que o mercado está esperando.
Joubert cita ainda a crise no setor imobiliário, que tem limitado a demanda por produtos de aço (e, consequentemente, a demanda pelo minério de ferro).
O UBS BB continua pessimista em relação a mineradoras e siderúrgicas. Na avaliação do banco, o recente rali do minério de ferro aconteceu mais por especulação sobre a retomada da economia na China. Analistas ressaltam que os fundamentos da demanda ainda estão fracos.
Já a Genial Investimentos defende que, embora a reabertura chinesa seja um grande driver para as mineradoras no curto prazo, a demanda será menor do que o consenso projeta.
Como o UBS BB, a Genial acredita que existe certo nível de especulação no mercado, tanto no preço do minério de ferro quanto na alta volatilidade das ações do setor.
“Esses movimentos costumam ser muito eufóricos pelo mercado, que na maioria das vezes, erra a mão na intensidade”, comenta. A corretora tem recomendação de “manter” e preço-alvo de R$ 105 para o papel da Vale.
A Guide Investimentos está mais otimista. Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, destaca que as sinalizações que o governo chinês vem dando a favor do fim da política de Covid Zero se sobressaem às restrições ainda presentes.
“Sabemos que, assim que essa crise for sanada, devemos ver um retorno à normalidade das atividades na China”, diz. Para Haag, a ação da Vale ainda tem como subir mais e deve “se manter firme” no longo prazo.