Vale (VALE3): Analistas veem melhora nos preços do 4T24 e no portfólio; é hora de comprar?
Analistas do mercado financeiro consideraram, de modo geral, os resultados de produção e vendas da Vale (VALE3) no quarto trimestre como mistos. As ações da companhia subiam 0,3% por volta das 11h desta quarta-feira (29), a R$ 52,80.
Eles destacaram que a empresa apresentou melhor desempenho em preços e em algumas produções de metais básicos (cobre e níquel), mas ponderaram que houve uma queda nos volumes de vendas e produção de minério de ferro e pelotas — o que impactou negativamente os resultados.
Para os analistas, a estratégia de priorizar valor em vez de volume é um fator positivo, mas ainda não é suficiente para evitar a queda na produção e vendas totais.
A produção de minério de ferro da Vale somou 85,3 milhões de toneladas no 4T24, queda de 4,6% frente ao 4T23 e de 6,3% em relação ao 3T24 – resultado dentro do esperado por analistas. Já produção total de minério de ferro em 2024 alcançou 327,7 milhões de toneladas, maior volume desde 2018.
As vendas de minério de ferro da Vale no 4T24 somaram 81,2 milhões de toneladas, queda de 10,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos finos, a retração foi de 10,2%, a 69,912 milhões (também dentro do esperado), enquanto as vendas de pelotas recuaram 2,1%, totalizando 10,1 milhões de toneladas.
O que diz a XP
A XP Investimentos destacou que os resultados ilustram uma flexibilidade do portfólio da Vale, deslocando a produção em direção a produtos de maior valor agregado em vez de volumes, com a combinação de melhores preços realizados (além de prêmios mais altos) e volumes mais fracos como um resultado líquido positivo.
“Embora reiteremos nossa classificação neutra devido ao potencial limitado de alta, vemos uma assimetria positiva para as ações nos preços atuais da VALE3“, disse em relatório assinado por Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.
O que diz o Bradesco BBI
O Bradesco BBI avaliou que a Vale reportou “bons” resultados operacionais, com sua produção de minério de ferro em 2024 atingindo o nível mais alto desde 2019.
“Também destacamos que a queda anual na produção é explicada principalmente pela otimização do portfólio da empresa (priorizando produtos de margem mais alta), uma estratégia que implicou em prêmios mais altos”, escreveram Rafael Barcellos e Renato Chanes, em relatório.
Os analistas também afirmaram que o desempenho no sistema Norte “permaneceu saudável”, com a produção em S11D atingindo uma máxima histórica de 83 milhões de toneladas em 2024. “Olhando para a divisão de metais básicos, a empresa também apresentou um desempenho forte em níquel e cobre, com crescimento de produção em ambas as divisões.”
O banco ainda disse que os resultados reforçam a estimativa de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) em US$ 4,0 bilhões no 4T24 e reiterou a recomendação de compra para as ações da Vale.
“Esperamos que a melhora da história micro e a forte geração de caixa sustentem o preço de suas ações nos próximos meses”, disse o relatório.
O que diz o Itaú BBA
O Itaú BBA, que recomenda a compra do papel (outperform) a um preço-alvo de US$ 12, comentou que o trimestre foi marcado por uma estratégia de valor sobre volume, com a redução de embarques de alto teor de sílica, o que resultou em uma melhora no prêmio médio de qualidade da Vale.
“O preço médio do minério de ferro foi de US$ 93,0 por tonelada, um pouco acima da nossa projeção de US$ 91,7 por tonelada. Já o preço das pelotas ficou 3% abaixo do esperado. No geral, mantemos nossa estimativa de Ebitda de US$ 3,9 bilhões para o 4T24″.
O que diz o Goldman Sachs
O Goldman Sachs disse que a Vale está recuperando a flexibilidade operacional que não demonstrava nos últimos anos, ajustando seu mix de produtos de acordo com a demanda do mercado. “Em nossa visão, o foco agora deve ser nas margens por tonelada, em vez da qualidade média de ferro (Fe)”.
Para os analistas do banco, que recomendam a compra do papel, com um preço-alvo de US$ 16, a Vale está promovendo melhorias significativas em eficiência operacional, que ainda não estão totalmente refletidas no preço de suas ações ou em seus múltiplos de negociação.
“Vemos espaço para a Vale recuperar sua competitividade relativa. Esse cenário se fortalece especialmente após a resolução de questões importantes, como o acordo final do acidente de Samarco, a renovação da concessão ferroviária, mudanças na liderança (CEO e diretoria) e a conclusão da venda da participação da Cosan”, disse o relatório.