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Vale (VALE3) perdeu tudo o que podia e engatará alta agora? Saiba o que esperar da ação

13 set 2022, 14:45 - atualizado em 13 set 2022, 14:45
Minerio de ferro
Apesar da valorização nos últimos dias, o minério ainda se encontra em tendência de baixa, diz Terra Investimentos (Imagem: REUTERS/Lunae Parracho/File Photo)

Após a forte correção dos últimos meses, as ações do setor de mineração e siderurgia estão, aos poucos, se recuperando.

As perspectivas sobre o setor de construção na China melhoraram, com o governo asiático injetando novos estímulos na economia, dando alívio aos preços do minério de ferro.

A recuperação do ingrediente siderúrgico trouxe alívio momentâneo às mineradoras e siderúrgicas da Bolsa, com Vale (VALE3), a representante de maior peso do setor dentro do Ibovespa, acumulando uma valorização de 10,54% na última semana.

Porém, ainda é cedo para cravar que a ação da companhia voltará a subir forte. Na verdade, analistas do mercado acreditam que novas quedas do minério de ferro devem ser vistas pela frente.

Correção dos preços

Segundo Régis Chinchila e Luis Novaes, analistas da Terra Investimentos, apesar da valorização nos últimos dias, o minério ainda se encontra em tendência de baixa, o que levou a uma mudança na projeção de US$ 120 a tonelada no fim do ano para US$ 85.

Para o longo prazo, as projeções do minério de ferro não melhoram muito, indicando a commodity próxima dos US$ 90 a tonelada pelos próximos anos, destacam Chinchila e Novaes.

Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter Research, também está cautelosa em relação aos preços do minério. Isso porque acredita que os estímulos do governo chinês não devem mudar a situação do setor imobiliário do país.

“A crise é mais profunda. A gente vê, desde o ano passado, uma política de inibição do capital especulativo no setor imobiliário”, comenta.

“Estou um pouco cética. Os estímulos não vão ser o catalisador para a economia chinesa”, completa a especialista.

Joubert vê o minério de ferro se mantendo em US$ 100 por tonelada até o fim do ano, mas não descarta uma nova correção para baixo. Para o fim de 2023, a analista está mais conservadora, projetando a tonelada da commodity a US$ 90.

VALE3 caiu demais?

Para os analistas da Terra, a ação da Vale está mais barata em relação aos pares internacionais, o que indica que o movimento de baixa pode estar terminando.

Chinchila e Novaes destacam que o valor atual do papel “não traduz os resultados registrados recentemente”.

Eles pontuam, no entanto, que as flutuações do minério ainda podem impactar a ação da Vale.

Joubert, do Inter, projeta mais volatilidade para a ação. Porém, ressalta que mais volatilidade não significa necessariamente que os papéis apresentarão quedas significativas ou resultados ruins daqui para frente.

“Isso não significa necessariamente resultados ruins, mas mais comedidos. Resultados mais próximos ao que deveriam ser em uma ‘situação normal’. A gente ainda espera um resultado forte quando comparado a antes da pandemia, mas mais baixo em comparação com 2021”, explica.

A DVInvest tem estimativa de longo prazo de US$ 70-80 para a tonelada do minério de ferro. Pelas perspectivas da casa, como a commodity é atualmente negociada por volta de US$ 100 a tonelada, a ação da Vale teria que sofrer mais.

Ainda assim, a DVInvest não acha que a empresa deixou de ficar atrativa.

“Pode parecer que perde a atratividade neste momento, mas, se a gente for se ater simplesmente ao valuation, aos fluxos de caixa descontados no futuro e trazendo para o valor presente, a companhia continua atrativa”, comenta Henrique Tavares, analista da casa de análise.

Com a recente correção, a DVInvest revisou o preço-alvo da Vale para baixo, de R$ 119 para R$ 97, para refletir o aumento do custo de capital e do custo de dívida diante de um cenário de taxas de juros e inflação elevadas.

Vale descontada

Vale
Analista-chefe do Inter Research vê mais volatilidade para a ação da Vale (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Tavares acredita que o preço da ação da Vale não reflete os níveis atuais do minério de ferro.

“Hoje, a Vale é negociada com preços de minério muito abaixo dos preços que são negociados, perto de US$ 100 a tonelada. O valuation da Vale que vemos hoje é algo perto de US$ 60 a tonelada do minério de ferro. Não é um valuation justo”, diz o analista.

Dado o alto nível de desconto com que o papel é negociado, Tavares enxerga a Vale como um negócio atrativo.

O Inter tem recomendação “neutra” para a mineradora, com preço-alvo de R$ 83. Na avaliação da analista-chefe, a Vale continua sendo uma ação interessante para o investidor que está pensando em dividendos, dado o caixa robusto da companhia.

“Agora, precisa considerar que existe um risco maior ao entrar em um papel como esse”, ressalta Joubert. “Apesar do upside, estou esperando muito mais volatilidade”.

Considerando o cenário econômico global ruim, que impacta a demanda por certos materiais básicos, incluindo o minério, a Terra recomenda procurar segurança em setores mais estáveis ou menos expostos ao exterior.

Na esteira da recuperação recente das vendas de aço para a construção e a indústria na China, o Bradesco BBI está confiante de que a atividade de construção chinesa continuará melhorando sazonalmente nas próximos semanas.

O BBI segue com recomendação de compra para a Vale, além de outros nomes do setor, como Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3).

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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