Vale (VALE3): Não é hora de ‘jogar a toalha’; analistas ainda veem potenciais ganhos com ação
A dúvida sobre investir ou não em Vale (VALE3) ainda persiste entre os investidores. Segundo o Santander, o desempenho superior dos papéis da mineradora em relação aos pares desde o início de agosto (+15% em dólar vs. -3% dos pares australianos) abre espaço para questionar se é melhor se manter posicionado no ativo para capturar potenciais ganhos ou se a alta recente limita a ação.
Em relatório divulgado no dia 30 de setembro, o BTG Pactual destaca a relutância por parte dos investidores em investir na Vale.
De acordo com o banco, a mineradora sofreu “uma drástica redução de posicionamento” pelo mercado nos últimos meses, explicada por reveses contínuos nos volumes de minério de ferro e nos resultados da divisão de metais básicos da companhia.
O BTG afirma que 2022 foi um ano frustrante para a Vale do ponto de vista operacional. Além da revisão do guidance para baixo, com produção de minério de ferro estimada de 310-320 milhões de toneladas (o que a instituição considera alcançável), fatores exógenos (geologia, licenciamento e venda de ativos) acrescentam riscos às operações da mineradora. Tudo isso jogou para baixo o sentimento dos investidores em relação à empresa.
“Vários investidores com quem falamos já assumem cerca de 300 milhões de toneladas em vendas para 2022 e muito pouco crescimento em 2023″, comentam os analistas Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima. Eles ainda citam como fontes de preocupação do mercado o baixo desempenho em Carajás e as paradas de manutenção dentro da divisão de metais básicos.
Porém, Correa, Greiner e Lima destacam que, com a queda dos preços do petróleo, os custos caixa C1 da Vale (principal destaque negativo dos resultados do segundo trimestre) devem diminuir gradualmente até o fim de 2022.
“Em essência, vemos cada um desses desafios melhorando nos próximos trimestres”, defendem os analistas.
Fator China
É verdade que a Vale, por ter o minério de ferro como principal produto em seu portfólio, está fortemente ligada à economia chinesa.
Embora a retomada econômica da China se apresente mais desafiadora do que inicialmente esperado, a leitura do BTG e do Santander é de que os preços do minério de ferro devem se manter em patamares saudáveis.
Na avaliação do Santander, nos níveis atuais, o minério de ferro possui riscos de downside (queda) limitados, considerando a fraca oferta do ingrediente siderúrgico e um suporte de custo maior.
“Além disso, os estímulos econômicos anunciados na China (investimentos em infraestrutura, redução das taxas de juros e cidades relaxando os limites de compra de imóveis) podem ser um risco de upside (alta) para os preços do minério de ferro”, acrescenta o banco, em relatório publicado neste domingo (9).
O BTG lembra que a “Opep de minério de ferro informal” tem conseguido estabilizar os preços do minério em níveis saudáveis e, apesar das manchetes negativas da China, a produção de aço bruto ainda deve atingir cerca de 1 bilhão de toneladas, com apenas “um pequeno declínio” anual.
Correa, Greiner e Lima reforçam que, enquanto as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) chinês foram rebaixadas, a segunda maior economia do mundo ainda deve acelerar de uma taxa baixa de 2% em 2022 para algo em torno de 4% em 2023, “o que implica que o crescimento sequencial deve melhorar à frente”.
Tese tem catalisadores
Embora a reabertura da economia chinesa esteja se mostrando mais lenta, analistas do BTG acham que agora não é o momento de “jogar a toalha” quando o assunto é Vale.
A ação, além de poder se beneficiar com os preços do minério de ferro, está descontada – ainda mais se considerar que a administração da empresa é altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital e o retorno aos acionistas segue robusto.
O BTG trabalha com projeção de yield (rendimento) mínimo de dividendos na faixa de 10% e uma abordagem ainda agressiva em relação às recompras de ações.
O BTG tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 90 para a ação da Vale, o que implica um potencial de valorização de 19,1% sobre o último fechamento.
O Santander, na expectativa de que a mineradora pode destravar valor com uma potencial venda de participação minoritária em sua unidade de negócios de metais básicos, também tem recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo de US$ 18 para a ADR (American Depositary Receipt) da mineradora. A Vale é, inclusive a top pick da instituição no setor de materiais básicos da América Latina.
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