Vale (VALE3) entrega resultado, mas ações não param de cair; oportunidade ou cilada?
A Vale (VALE3) engata nova sequência de quedas nesta terça-feira (30), tendo no radar o recuo nos preços do minério de ferro, ruídos da política envolvendo o nome da companhia e a divulgação do relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2023.
Por volta das 14h30, as ações da Vale perdiam 1,14%, a R$ 68,38, mesmo com a boa recepção dos números operacionais pelos analistas.
A Vale atingiu uma produção de minério de ferro de 89,4 milhões de toneladas, avanço sequencial de 3,7% e anual de 10,6%.
Ainda, a mineradora conseguiu atingir o guidance proposto para o ano cheio de 2023, com a produção de minério de ferro totalizando montante total de 321,1 milhões de toneladas, ante projeções de ~315 milhões de toneladas.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, avalia que os dados apontam uma sinalização positiva de que a operação da Vale continua resiliente e crescendo.
Além disso, com melhorias apresentadas no trimestre, as preocupações com a produção em Carajás diminuíram, acrescenta.
Após a divulgação do relatório, o BTG Pactual está razoavelmente confiante com sua estimativa de Ebitda de US$ 6,5 bilhões para o quarto trimestre de 2023.
“Acreditamos que ainda não está precificado pelo mercado, potencialmente devido aos ruídos recentes”, afirma o banco. Além da cobrança de R$ 25,7 bilhões do governo federal por uma outorga de concessão da Estada de Ferro Carajás e Vitória Minas, o mercado tem no radar a reunião extraordinária do conselho de administração a ser realizada nos próximos dias que definirá o nome do novo CEO, com o ex-ministro Guido Mantega já descartado dentre as possibilidades.
Sobre esses ruídos, o BTG adota uma visão mais otimista, pois acredita que a governança corporativa da Vale vai se provar confiável.
- Vale (VALE3) vai reagir? Dados de produção agradam, mas ruídos sobre sucessão não cessam: O que fazer com os papéis da mineradora agora? Confira recomendação do analista Fernando Ferrer no Giro do Mercado desta terça-feira (30):
Vale agrada com divisão de metais básicos
Outro destaque do relatório divulgado pela Vale ontem à noite é o desempenho da unidade de metais básicos.
A ala de cobre surpreendeu positivamente, com o total de embarques totalizando 97,5 mil toneladas, alta de 36% ano a ano e 15% acima das expectativas, destaca o BTG.
A produção de cobre disparou, a 99,1 mil toneladas, beneficiada pelo ramp-up bem-sucedido da Salobo III.
Do lado do níquel, embora a performance de produção tenha sido mais fraca no comparativo anual, veio em linha com o guidance, aponta a Empiricus.
“Essa trajetória de produção menor no ano já era evidente e esperada pelo mercado em função dos ajustes que estão sendo realizados nas principais minas de níquel”, diz Ferrer.
A equipe de análise da XP Investimentos projeta melhora para o segmento, refletindo volumes e preços acima do esperado – embora o níquel ainda deva seguir como destaque negativo.
VALE3 é oportunidade de compra?
A Vale acumula uma queda de mais de 10% na bolsa em 2024. Enquanto as ações teimam em engatar um movimento de recuperação, analistas parecem enxergar uma janela de oportunidade de compra no momento atual.
Com exceção de XP, que é neutra com Vale, as instituições citadas apresentam a melhor classificação para o nome.
O BTG antecipa um ambiente operacional melhor para a companhia em 2023, visto que o mercado de minério de ferro deve passar por mais um ano de déficit e contínuas revisões altistas.
“Estamos agora mais confiantes de que a mínima operacional da companhia ficou para trás, e produção/embarques e performance de custos deve continuar melhorando”, afirma.
A Vale ainda é um dos nomes favoritos da casa para se expor à reaceleração da economia chinesa. Analistas também projetam retornos de caixa de 12-13% para 2023/24, incluindo programa de recompra de ações.
Na Empiricus, a Vale está presente em algumas carteiras.
E o Goldman Sachs, em relatório de repercussão dos números de produção e vendas de 2023, lista cinco motivos para ser comprador do papel:
- mercado equilibrado do minério de ferro para 2024;
- momentum operacional positivo;
- exposição relativamente baixa do investidor;
- valuation atrativo (a ação é uma das mais baratas entre os grandes nomes do setor); e
- expectativa de manutenção dos estímulos por parte do governo chinês.