Vale (VALE3) em mais um dia de baixa: Minério de ferro pesa, mas pode não ser o único problema; entenda
Sem alívio, as ações da Vale (VALE3) voltaram a cair nesta terça-feira (16), e forte. Os papéis da mineradora recuaram 1,30%, negociados a R$ 70,62 cada, seguindo o movimento do minério de ferro nos mercados asiáticos.
Na Bolsa de Dalian, na China, o contrato de maio do minério de ferro encerrou as negociações diurnas em queda de 0,6%, a 938,50 iuanes (US$ 130,65) a tonelada, marcando a oitava sessão consecutiva negativa.
Em meio a grandes expectativas de estímulos adicionais por parte do governo chinês para acelerar o ritmo de recuperação da segunda maior economia do mundo, investidores se decepcionaram com a decisão do Banco do Povo da China de manter inalterada a taxa de juros de médio prazo.
Anúncios de novos estímulos na China são amplamente aguardados pelo mercado, visto que os últimos dados econômicos do país têm decepcionado as estimativas.
Qual será o próximo movimento do minério de ferro?
Após conversas com agentes do mercado no Brasil, o Bank of America conclui que a incerteza predomina no setor de metais e recursos naturais, com a maioria dos investidores avaliando que a tendência de reabastecimento antes do Ano Novo Lunar já queimou boa parte da pólvora.
De acordo com a instituição, os investidores estão cautelosos quanto à tendência dos preços nas próximas semanas, se seguirá fraca em meio ao aumento dos estoques de minério de ferro (ainda que estejam abaixo dos níveis históricos) e à retração das margens de siderúrgicas chinesas.
Por outro lado, os investidores concordaram que fatores relacionados ao clima podem apertar a oferta, enquanto uma recuperação sazonal na demanda por aço chinesa pode elevar as taxas operacionais das siderúrgicas após o Ano Novo Lunar, dando certo suporte ao minério de ferro no curto prazo, acrescenta o BofA.
- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) dispara; mas outra varejista ainda é a preferida para investir agora. Confira a recomendação do analista Fernando Ferrer no Giro do Mercado desta terça-feira (16):
O BofA afirma que os investidores estão de olho no próximo movimento dos preços do minério de ferro, com estimativas para a commodity de US$ 110-120 a tonelada em 2024, abaixo da projeção do banco, de US$ 125/tonelada.
O Goldman Sachs diz que, projetando o caminho imediato do minério de ferro, os riscos ainda pendem para downside (baixa), embora restrições de disponibilidade da commodity e a expectativa de certo reabastecimento à frente devem limitar um pouco o tamanho do sell-off.
O banco tem como alvo para o contrato futuro de minério de ferro 62% o preço de US$ 115/tonelada em uma base de três meses, abaixo da precificação atual da curva, de US$ 122/tonelada.
‘Risco Mantega’ volta a pesar?
Notícias relacionando o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e a Vale voltam a circular nesta terça. Informações do Estadão sugerem que o governo atual está trabalhando para colocar Mantega no conselho de administração da mineradora.
A cartada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva está na recondução de Eduardo Bartolomeo por mais um ano – até abril de 2025 – como CEO da empresa.
Em troca, Mantega seria acomodado em um dos assentos da Previ no conselho de administração, disse o jornal.
Vale lembrar que, no ano passado, o governo tentou indicar Mantega para a cadeira da presidência da Vale.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, diz que, com Mantega como conselheiro, o papel dele na companhia ficaria mais diluído.
Pensando na governança, seria preciso ver qual vaga Mantega levaria, acrescenta. Arbetman lembra que, com a Previ, que é o nome ventilado nas notícias, não haveria obstáculo, visto que “ela tem uma gama de ações grandes para fazer esse tipo de indicação”.
O analista afirma que o mercado precisa esperar para ver alguns pontos importantes. O primeiro é se a recondução de Bartolomeo será confirmado mesmo.
“É sem dúvida uma cadeira bem mais estratégica do que ser um dos conselheiros”, comenta.
No caso do Mantega, que “é um nome que traz certas dúvidas” pelo histórico, além da indicação, é preciso avaliar para qual posição ele será indicado, se realmente para um assento da Previ, e ver como ficará a composição do conselho.
“São vários nomes. A gente tem que ver como é que vai ficar para termos mais noção de qual poderia ser o grau de influência dele nessa nova composição”, diz Arbetman.
Procurada pelo Money Times, a Vale não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para seu posicionamento.
*Com informações da Reuters e do Estadão.