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Vale (VALE3) elimina fator de risco e ações sobem 3%; veja por que novo CEO agrada mercado

27 ago 2024, 10:51 - atualizado em 27 ago 2024, 17:40
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Conselho de administração da Vale definiu Gustavo Pimenta como novo CEO da companhia (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

Chegou ao fim a novela envolvendo a troca de comando da Vale (VALE3). Na noite de segunda-feira (26), a mineradora anunciou que, por unanimidade, o conselho de administração definiu Gustavo Pimenta como o novo presidente.

A escolha foi de alguém de dentro da empresa, visto que Pimenta atua como vice-presidente financeiro da Vale.

Em reação, as ações da companhia abriram o pregão desta terça-feira (27) em alta, despontando na ponta positiva do Ibovespa (IBOV). Os papéis VALE3 terminaram o dia com avanço de 3,01%, a R$ 59,80.



Eduardo Bartolomeo seguirá como presidente da Vale até 31 de dezembro de 2024, apoiando a transição de Pimenta até 28 de fevereiro de 2025. Após o período de transição, o atual presidente atuará como advisor da empresa até o final de 2025.

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Até ontem de manhã, a sucessão da presidência da Vale enfrenta um dilema: de um lado, se o nome indicado tivesse diretamente ligado ao governo, a credibilidade do processo de sucessão ficaria comprometida. Do outro, uma boa relação entre o executivo e gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria um fator importante.

Novo CEO reduz riscos e incertezas

Na avaliação do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, o anúncio representa um evento de redução de risco para a Vale.

Os analistas destacam que a incerteza relacionada ao próximo CEO foi uma das principais preocupações entre os investidores nos últimos tempos e veem o anúncio sendo bem recebido pelo mercado devido à três fatores:

  • o momento, tendo em vista que os investidores esperavam que uma decisão fosse anunciada apenas em dezembro;
  • Gustavo Pimenta construiu um histórico sólido com investidores e a comunidade de mineração em geral; e
  • uma transição de CEO potencialmente tranquila, com a empresa mantendo sua estratégia disciplinada de alocação de capital.

“Mantemos a recomendação de compra para VALE3, que estão sendo negociadas a um atraente múltiplo EV/Ebitda de 4,0x para 2024”.

Em linha, o Goldman Sachs comenta que o anúncio do novo CEO ajuda a reduzir incertezas, uma vez que o nome interno está potencialmente alinhado com as partes interessadas majoritárias — investidores, conselho, governo — e também traria continuidade à estratégia que vem sendo seguida pela mineradora.

Na avaliação do banco, o desafio atual consistirá na contínua melhoria operacional em diferentes frentes, incluindo soluções para o significativo esgotamento e desafios regulatórios no norte e maior eficiência de ativos subutilizados no sistema sul.

“Também esperamos que o foco dos investidores esteja na capacidade do Sr. Pimenta de conduzir o diálogo com o governo brasileiro, uma parte interessada importante que está envolvida nas discussões sobre o acordo final da Samarco, o ambiente regulatório e a renovação da concessão ferroviária”.

O Goldman tem classificação de compra para Vale com preço-alvo de US$ 15,9 para 12 meses.

Para o BTG Pactual, o processo de sucessão da presidência ter ocorrido de acordo com elevados padrões de governança é uma vitória para a empresa, prevalecendo frente às tentativas de interferência política, o que veem como um fator tranquilizador.

Apesar de avaliar que a definição do CEO, inclusive antes do esperado, é um evento de redução de riscos, o banco se mantém neutro.

“Quando rebaixamos a classificação da ação alguns meses atrás, argumentamos que a deterioração da história de baixo para cima era o problema principal. Desde então, a abordagem de cima para baixo deteriorou-se consideravelmente para a empresa, levando a revisões significativas para baixo nos lucros. Preferimos esperar um pouco mais até que as coisas se estabilizem antes de mudar de direção novamente”.

Os analistas comentam que resta uma resolução do caso Samarco, que também configuraria um fator de redução de risco para a Vale.

Analistas do Itaú BBA comentam que é improvável uma mudança na estratégia da empresa na nova gestão, tendo em vista que a Vale alcançou marcos importantes durante o mandato de Eduardo Bartolomeo, incluindo o reforço das linhas de defesa em seu modelo de gestão de risco e a criação da função de “Engenheiro de Registro”.

O BBA recorda que, recentemente, a Vale estabilizou seus sistemas de produção e cumprirá provavelmente o limite máximo de sua orientação de produção em volume para 2024. Em termos de alocação de capital, destacam que distribuiu consistentemente a maioria do caixa gerado nos últimos anos por meio de dividendos/recompras.

“No geral, acreditamos que é improvável uma mudança na estratégia da Vale no curto prazo”, afirmam.

“A Vale também precisa assinar um acordo para renovar as suas concessões ferroviárias, equilibrando potenciais pagamentos com obrigações futuras para alcançar um resultado vantajoso para todos. Em nossa opinião, a resolução desses tópicos poderia resultar em um estreitamento do desconto de avaliação da Vale em relação aos seus pares australianos”.

O BBA tem classificação “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para a ADR (American Depositary Receipts) da Vale, com preço-alvo para 2025 de US$ 13,00.

O que fazer com as ações da Vale?

Banco/Corretora Indicação
Bradesco BBI/Ágora Investimentos Compra
Goldman Sachs Compra
Itaú BBA Outperform (equivalente à compra)
BTG Pactual Neutra

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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