Comprar ou vender?

Vale (VALE3) a R$ 80 e dividendos: 8 analistas indicam o que fazer com papel após resultados

26 jul 2024, 17:08 - atualizado em 26 jul 2024, 20:51
vale
(Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

A Vale (VALE3) divulgou resultados do segundo trimestre de 2024 que, a primeira vista, pareciam surpreendentes, com disparada de 210%, a US$ 2,7 bilhões, superando os US$ 2 bilhões previstos pela Bloomberg.

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No entanto, a alta estelar não foi suficiente para convencer os analistas, que classificaram os números como neutros e amplamente dentro do esperado.

Além disso, o Ebitda, que mede o resultado operacional, se manteve estável, enquanto a elevação dos custos preocupa parte das corretoras. O BTG classificou o balanço como ‘sem brilho’.

Na bolsa, a ação subia 1,82%, a R$ 61,67, mas muito em função dos dividendos de R$ 9 bilhões, rendimento de 7%. De acordo com analistas, é possível que o anúncio, dado o atual nível de desconto das ações, forneça suporte para atrair um fluxo de investidores temporários até a data ex-remuneração, em 5 de agosto.

Por que alta de 200% não foi suficiente?

Analistas ressaltam que alta decorreu de um item não recorrente. A Genial explica que em junho de 2024, a companhia reduziu em 10,5% sua participação na PTVI (ativo da Vale Base Metals – VBM, operado por meio de uma joint venture na Indonésia). Essa venda foi realizada por meio de dois pontos:

  1. A PTVI emitiu novas ações, diluindo a participação da Vale em -2,1%, e
  2. a Vale vendeu diretamente 8,4% das ações;

“A companhia recebeu US$ 155 milhões com a venda e perdeu o controle sobre a PTVI, que agora passou a ser reportada como uma associada, usando o método de equivalência patrimonial. Como resultado, a Vale reconheceu um ganho de US$ 1 bilhão, categorizado em “Outras despesas operacionais, líquidas”, destaca.

Esse ganho, diz, incluiu a reclassificação dos ajustes de conversão acumulados e uma remensuração do valor justo do investimento remanescente de US$ 657 milhões, compensado por uma perda de US$ 661 milhões da redução de participação.

“O consenso de mercado não fazia essa conta, e, portanto, o lucro líquido surpreendeu positivamente, mas por um efeito one-off (não operacional, ligado a uma reavaliação de um ativo posto à venda)”, argumenta.

O que o mercado não gostou?

Os analistas destacam o aumento de custos (alta de 6% no trimestre), prejudicando o Ebitda, que se manteve estável, a US$ 3,9 bilhões. Já o Ebitda profarma caiu 6%, para US$ 3,9 bilhões, mas subiu 15% no trimestre.

“Ficamos surpresos negativamente ao ver os níveis de custo caixa de minério de ferro de equilíbrio acima de US$ 60 a tonelada”, escreve o BTG. Apesar disso, o banco espera que o número melhore mais para frente.

A XP também classificou a alta dos custos como o ponto baixo do trimestre. Porém, a corretora diz que com aumento dos níveis de produção no Sistema Norte no segundo semestre, o FCF (fluxo de caixa) deve se recuperar.

Já o Itaú BBA recorda que os preços baixos do minério de ferro e os custos elevados compensaram a melhoria nos volumes na comparação anual.

Além disso, houve queima de caixa de US$ 178 milhões, impactado negativamente pela variação do capital de giro (US$ 1,1 bilhão).

No entanto, o caixa foi fortalecido pelos recursos recebidos pela parceria estratégica na Vale Base Metals (US$ 2,5 bilhões), pelo desinvestimento da PTVI (US$ 155 milhões) e pelo efeito líquido da gestão de passivos (US$ 560 milhões).

Dividendos extraordinários virão?

Outro ponto diz respeito a um possível pagamento de dividendos extraordinários.

Em teleconferência com analistas, o vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores, Gustavo Pimenta, foi indagado sobre o que precisa ocorrer para a mineradora fazer pagamentos extras, visto que a produção está em alta.

O executivo elencou dois fatores:

  1. o preço do minério de ferro;
  2. a resolução do pagamento das multas relacionadas ao desastre de Mariana;

Para o Safra, a Vale não ter anunciado nenhuma notícia importante sobre um acordo final de reparação dos danos de Mariana foi negativo.

“Achamos que pode se tornar cada vez mais difícil assinar um acordo no segundo semestre. A posição de dívida líquida expandida da Vale de US$ 14,7 bilhões permitiria que a empresa distribuísse dividendos extraordinários”, discorre.

O que fazer com o papel da Vale?

Analistas se dividem quanto ao que fazer com papel. Por mais que a ação esteja barata, a preocupação recai sobre a China. Para o Bradesco BBI, os números vieram amplamente em linha com as expectativas.

Porém, a corretora reafirmou a recomendação de compra para VALE3, que está sendo negociada a 4,0x o múltiplo EV/EBITDA (valor de mercado sobre resultado operacional) esperado para 2024 (implicando um desconto de 29% em relação aos pares e de 15% para a média histórica aproximadamente).

A XP admite que as perspectivas de demanda da China não são empolgantes para as commodities. Porém, a corretora diz que os preços do minério de ferro de US$ 100-105/t tendem a encontrar um suporte na curva de custos, “limitando mais riscos negativos no curto prazo, em nossa opinião”.

“Negociando a um nível descontado de 3,9 vezes o EV/Ebitda de 2024, acreditamos que a assimetria é positiva, reiterando nossa recomendação de compra para a Vale”, coloca.

O BB diz que considerando o último modelo financeiro, as ações VALE3 estão sendo negociadas a um múltiplo EV/EBITDA de 2,8x, que representa 24% de desconto em relação ao seu múltiplo histórico de 5 anos (de 3,7x, segundo o consenso Bloomberg).

“Assim, por ora, até incorporarmos os resultados mais recentes em nosso valuation, mantemos a recomendação de Compra e o preço-alvo 2024e de R$ 80,00 para VALE3”, diz.

A Genial destaca duas situações que podem causar reações mais positivas dos investidores ao resultado:

  1. lucro líquido acima das expectativas, embora tenha ocorrido por efeito de reclassificação não operacional e
  2. anúncio de dividendos, com um Yield anualizado acima de 13%.

Por outro lado, o BTG afirma que prefere esperar por um pouco mais de visibilidade em algumas das fontes da Vale antes de mudar de marcha. A recomendação é neutra.

“Na avaliação, ainda temos dificuldade em ver grandes vantagens, mas acreditamos que as ações permanecem descontadas em 4 vezes o Ebitda 24 e rendimentos de dividendos mais próximos de 10%. A situação macro da China deteriorou-se ultimamente e tornou-se um obstáculo adicional”, completa.

Já o Goldman Sachs vê a avaliação atual em níveis atrativos. O banco lista três pontos de otimismo.

  1. tanto a Vale quanto a BHP indicaram publicamente que estão construtivas em um acordo final em torno da Samarco no curto prazo;
  2. o custo do minério de ferro deve dar suporte ao minério de ferro >US$ 100/t;
  3. o banco espera que o momento operacional da Vale mostre uma recuperação moderada, mas não esperamos maior deterioração.

A recomendação é de compra. Veja abaixo as principais recomendações.

Corretora Recomendação
XP Compra
BTG Neutro
Safra Compra
Goldman Sachs Compra
Bradesco BBI Compra
Genial Compra
BB Investimentos Compra
Ativa Neutro

 

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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