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Vale (VALE3) diz o que precisa ocorrer para pagar dividendos extraordinários

26 jul 2024, 13:38 - atualizado em 26 jul 2024, 14:07
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China vive um “novo normal forte”, baseado na manufatura e na exportação, diz a Vale (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Vale (VALE3) divulgou seus resultados e, junto com eles, o pagamento de quase R$ 9 bilhões em dividendos, ou R$ 2,09 por ação. Agora, analistas fazem as contas para saber o quanto a empresa irá pagar no segundo semestre e, se por ventura, poderá aprovar dividendos extraordinários.

Em teleconferência com analistas, o vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores, Gustavo Pimenta, foi indagado sobre o que precisa ocorrer para a mineradora fazer pagamentos extras, visto que a produção está em alta. O executivo elencou dois fatores:

  1. o preço do minério de ferro;
  2. a resolução do pagamento das multas relacionadas ao desastre de Mariana;

No caso do primeiro item, a Vale dependerá de uma ajudinha da China, o seu maior cliente. Até agora, os preços são decepcionantes, com queda de 20% no ano em meio à fraqueza da economia do país.

Aliás, a Vale falou sobre a potência. Segundo o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da companhia, Marcello Spinelli, a China vive um “novo normal forte”, baseado na manufatura e na exportação, que pode, de certa forma, compensar o declínio no setor imobiliário.

“Do lado da demanda… temos um olhar positivo sobre China, quando nós vemos este novo normal que chamamos de resiliência da economia chinesa”, afirmou Spinelli.

Ele disse que a companhia está obviamente atenta também ao nível de exportações de produtos de aço da China. Mas também considera que a demanda de outras regiões, como Sudeste da Ásia, Índia, Oriente Médio, está crescendo bem. “Tudo isso indica alta demanda, pelo menos para este ano e o próximo ano na nossa análise.”

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Vale: E Mariana?

Sobre Mariana, os executivos se limitaram a dizer que continuam “muito otimistas sobre a possibilidade de liquidar o acordo”. “Todas as partes estão muito engajadas e nos próximos meses chegaremos em um acordo e nos termos financeiros chaves”, discorreu o CEO, Eduardo Bartolomeo, que deve deixar o cargo até o final do ano.

Porém, isso não foi suficiente para acalmar o governo. O ministro de Minas e EnergiaAlexandre Silveira, à Reuters, disse estar preocupado com a “falta de proatividade” das companhias.

A Vale vem travando uma batalha com a justiça para definir o valor a ser pago nas indenizações. Em junho, a empresa, junto com BHP e Samarco, apresentaram às autoridades nova oferta de acordo indenizatório pelo rompimento em Mariana, estimando um desembolso total de R$ 140 bilhões, mas ainda abaixo do demandado pelo poder público. Do montante total, R$ 37 bilhões já foram empenhados, segundo as companhias.

O acordo, inclusive, poderá desbloquear retorno de dividendos, que inclui recompra de ações, de até 17%, segundo Goldman Sachs.