Vale (VALE3) divulga resultados nesta quinta; mercado pode ficar otimista?
A Vale (VALE3) reporta seus resultados do quarto trimestre de 2022 nesta quinta-feira (16), após o fechamento do mercado.
As expectativas estão relativamente melhores em comparação ao terceiro trimestre, uma vez que analistas do mercado esperam que as mineradoras sejam o destaque positivo do setor de mineração e siderurgia mostre desaceleração nessa temporada.
Segundo a XP Investimentos, os balanços devem vir fortes para mineração e fracos para as siderúrgicas. Para mineradoras de ferrosos, analistas esperam um crescimento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior em relação ao terceiro trimestre, com a linha sendo impulsionada pela alavancagem operacional devido a uma melhor produção.
No caso das siderúrgicas, a corretora projeta uma queda de dois dígitos em base trimestral do Ebitda, refletindo menores volumes e preços de venda, além de custos crescentes.
Os resultados da Usiminas (USIM5) deram um “gostinho” do que esperar para as demais empresa do setor.
Seguindo o cenário projetado pelo mercado, os resultados da Usiminas mostraram um desempenho mais fraco da divisão de aço, com o Ebitda recuando 34% no comparativo trimestral e as margens caindo para 4%. Os volumes domésticos de aço decresceram 7%, enquanto as exportações encolheram 16%.
Enquanto isso, na divisão de mineração, o Ebitda do segmento apresentou um crescimento trimestral de 10%, a R$ 171 milhões, representando 30% do Ebitda consolidado (contra 19% no terceiro trimestre de 2022).
Produção e vendas
A Vale divulgou o habitual relatório de produção e vendas trimestrais neste mês. Referentes ao quarto trimestre de 2022, os números foram mal recebidos pelos investidores, uma vez que a produção acumulada não superou o guidance para o ano.
A Vale atingiu uma produção de minério de ferro de 80,8 milhões de toneladas métricas no quarto trimestre de 2022, queda de 9,9% sobre o resultado do trimestre anterior e um recuo de 1% comparado com o volume registrado no mesmo intervalo de 2021.
No ano, a mineradora acumulou uma produção de 307,8 milhões de toneladas de minério de ferro, abaixo da projeção de 310 milhões de toneladas do ingrediente siderúrgico para 2022. Em relação a 2021, o volume caiu 1,6%.
Apesar disso, analistas preferiram se posicionar em “modo de espera” para dar o benefício da dúvida à Vale nessa safra de resultados.
A Empiricus Research avalia que ainda é necessário esperar a divulgação dos resultados da Vale no quarto trimestre de 2022 para entender melhor o desempenho financeiro da companhia no período.
No entanto, Fernando Ferrer, analista da casa, diz que a aceleração da reabertura chinesa pode ser um “gatilho extra para o nível de preço das commodities e para o desempenho do papel no ano”.
O Inter Research reconhece que, enquanto os dados do quarto trimestre de 2022 mostram que a produção da Vale segue patinando, as vendas chegam como uma surpresa, com finos de minério de ferro e níquel disparando, respectivamente, 24,2% e 31,4% no comparativo trimestral.
Na avaliação do Santander, a Vale, junto com a CSN Mineração (CMIN3), pode ser destaque positivo na temporada de balanços, com as companhias navegando maiores preços realizados e volumes de vendas de minério de ferro.
Faz sentido mencionar que o Santander está do lado otimista do mercado em relação à recuperação da economia chinesa – e, consequentemente, dos preços do minério de ferro.
“Ainda vemos riscos para o minério de ferro pesando para o upside (alta) e reconhecemos que as incertezas relacionadas à atividade econômica global podem continuar pesando nos preços do minério de ferro nos próximos meses”, ponderaram os analistas, em relatório publicado no dia 7 de fevereiro.
“Esperamos que a combinação de uma produção sazonalmente mais fraca do minério de ferro no primeiro semestre de 2023 e graduais melhorias na atividade econômica na China destrave um momentum melhor para os preços do minério de ferro”, completa o Santander.
A instituição projeta preços médios do ingrediente siderúrgico de US$ 100 a tonelada em 2023, com os preços sendo negociados acima desse patamar na primeira metade do ano.
Mercado dividido
A visão mais construtiva do Santander não se aplica a algumas casas. Há especialistas céticos quanto a uma recuperação acelerada do mercado chinês.
O Inter joga desse lado, avaliando que as incertezas sobre a retomada da China continuam elevadas.
Gabriela Joubert, analista-chefe da instituição, defende que é necessário ver dados “mais contundentes” para confirmar se o processo de reabertura dará a guinada que o mercado está esperando.
Joubert cita ainda a crise no setor imobiliário, que tem limitado a demanda por produtos de aço (e, consequentemente, a demanda pelo minério de ferro).
“Os estoques tanto da commodity quanto de produtos siderúrgicos no país tiveram leve alta e podem indicar um período ainda difícil à frente”, comenta a analista, em relatório do início de fevereiro.
O UBS BB continua pessimista em relação a mineradoras e siderúrgicas. Na avaliação do banco, o recente rali do minério de ferro aconteceu mais por especulação sobre a retomada da economia na China. Analistas ressaltam que os fundamentos da demanda ainda estão fracos.