Vale (VALE3): Divisão de metais básicos tem potencial? Veja o que pensam os analistas
A unidade de metais básicos da Vale (VALE3) é a grande promessa para 2023. É o que afirmam os analistas do mercado ao destacar que o negócio pode destravar valor à mineradora, em meio às expectativas de aquecimento da demanda devido à transição energética.
Com foco em uma economia mais sustentável, a companhia está em busca por um sócio estratégico que ajude a destravar valor em sua nova divisão de níquel e cobre. A Vale, inclusive, já está em negociação, após receber, ontem (10), ofertas não vinculantes por uma fatia minoritária, de acordo com a Reuters.
Executivos da mineradora haviam dito em dezembro em encontro anual com investidores, em Nova York, que o parceiro ficaria com uma fatia de até 10% da unidade. A Vale ficaria com o percentual restante e teria controle da divisão.
O movimento ocorre enquanto a companhia tem se dedicado em aprimorar a gestão desses ativos para gerar mais valor. Para os analistas, o negócio é “bastante positivo”.
No entanto, os analistas ressaltam os desafios de preços das commodities, que podem ainda oscilar em patamar mais baixo e menos rentável, enquanto a demanda via carros elétricos não chega, pode limitar os potenciais ganhos esperados para as operações.
Novos ares para Vale em 2023
Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter, reconhece que a busca da Vale por outras fontes de valor para além do minério de ferro pode trazer bons frutos.
“Os direcionamentos mostram uma empresa em busca de alternativas ao método convencional de operação, consistente de vendas de minério de ferro às siderúrgicas chinesas e que funcionou durante muito tempo, mas que, agora, exige uma reformulação”, comenta.
“Com o foco em novos negócios e novas parcerias dentro da mineração, a empresa diversifica sem sair de seu core business, usando sua expertise em seu favor”, completa a analista.
Niels Tahara, analista da Benndorf, ainda destaca que a mineradora procura um parceiro estratégico que contribua com conhecimento sobre o negócio e não apenas com recursos financeiros, “uma vez que a própria Vale seria capaz de financiar o crescimento da unidade, dado o balanço robusto”.
Tahara também ressalta que a divisão pode levar a um re-rating dos múltiplos de valuation. Isso porque ela deve ser vendida a um múltiplo maior que a da própria companhia, segundo o analista.
Redução de riscos
Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, também destaca que a Vale tem como plano reduzir riscos e busca por eficácia nos próximos anos.
“Podemos esperar continuidade da estratégia da Vale em tornar-se mais ESG. Entre suas medidas, destaco a descaracterização de barragens”, diz Haag.
Espera-se que, até 2025, a mineradora não tenha nenhuma barragem considerada de alto risco — level III —, e que, até 2035, todas as barragens a montante — tipo menos seguro — sejam descaracterizadas.