Vale (VALE3): Como fica a mineradora após saída da Cosan (CSAN3)? BTG Pactual aponta obstáculos
Nesta quinta-feira (16), a Cosan (CSAN3) anunciou a venda de sua fatia de 4,05% na Vale (VALE3), por cerca de R$ 9 bilhões, zerando sua posição na mineradora. Em reação, Vale abriu o pregão em leilão, engatando alta em parte do período de negociações. Por volta de 16h47 (horário de Brasília), no entanto, VALE3 recuava 0,23%, a R$ 52,48.
O movimento da Cosan ocorre no momento em que a holding de Rubens Ometto tenta reduzir sua alavancagem. Ele afirmou em nota que “sempre” acreditou no Brasil e por isso investe no país, mas que questões ligadas às taxas de juros foram consideradas.
“A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan”, disse Ometto.
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Para o BTG Pactual, o movimento de fato teve como maior motivação a necessidade de abordar os altos índices de alavancagem da Cosan em meio a um contexto de aumento das taxas de juros, em vez de algo específico sobre a Vale.
“Para ser justo, a incursão na Vale teve seus desafios, incluindo disputas no conselho, uma nova nomeação de CEO e, sem dúvida, o grupo não conseguiu trazer um acionista de referência”, ponderam os analistas.
No entanto, olhando para o futuro, o banco afirma que a mineradora abordou a maioria de suas pendências, enquanto o minério de ferro tem sido um pouco mais forte do que o esperado, o que apresenta uma janela de trading de curto prazo.
Apesar disso, a recomendação do BTG Pactual para Vale permanece neutra, uma vez que os analistas veem os fluxos de caixa de 2025 pressionados e apontam os rendimentos mínimos de dividendos de até 8% como insuficientes para reforçar a confiança na história da ação.
Tese da Vale
Os analistas do BTG comentam que a tese de investimento da Vale está gradualmente retornando aos fundamentos após vários meses de discussões barulhentas e pressões de todos os lados.
As provisões menores na renegociação sobre Samarco, CEO e diretor financeiro alinhados com o mercado e uma renovação decente da concessão ferroviária são alguns dos aspectos endereçados pela companhia e vistos de forma positiva pelo vanco.
Em 2025, dado o nível elevado de desembolso de caixa de US$ 3,7 bilhões, equivalente a 10% de seu valor de mercado, o cenário base do banco é de fluxos de caixa pressionados e números distorcidos.
“Isso deve permanecer sendo obstáculo para alguns investidores orientados para o curto prazo que
buscam construir posições em ciclos de preços mais pressionados das commodities, pois parece que estamos tendendo para isso”, destacam os analistas.
O BTG não acredita que os preços do minério de ferro estão se dirigindo de forma sustentável para níveis acima de US$ 100/tonelada.
No cenário do banco de US$ 95/t para 2025, a geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para a Vale deve ser próxima de US$ 14 bilhões para 2025. Considerando o capex (investimentos) de US$ 6,5 bilhões e desembolsos de caixa na faixa de US$ 3,7 bilhões, o BTG afirma que “é fácil ver essas duas linhas consumindo uma parcela significativa do fluxo de caixa”.
*Com informações da Reuters