Vale (VALE3) começa o ano como terminou: em queda; o que esperar para 2025?
A Vale (VALE3) e as mineradoras e siderúrgicas começaram o ano com o pé esquerdo, o que pode ser preságio de mais um ano complicado para o setor. Em duas sessões, o papel da companhia caiu 2,70%, a R$ 53, menor nível desde junho de 2020, quando o mundo vivia a pandemia da Covid-19.
No ano passado, a companhia teve tombo de 30%, diante da fraqueza da China. Ao analisar o histórico, desde maio de 2023, o preço vem em rota de queda. E enquanto o país não anunciar medidas mais eficazes para a economia, o cenário permanecerá incerto.
Só na última sexta, os preços de minério de ferro fecharam na mínima de sete semanas devido a um sentimento de aversão ao risco nos mercados financeiros globais e à falta de novos estímulos. Os futuros encerraram o ano de 2024 com queda drástica de mais de 15%.
Segundo a Ágora Investimentos, em rápido comentário enviado a clientes, o país asiático não deve anunciar nenhuma política importante até sua reunião legislativa anual no início de março.
“Olhando para o futuro, esperamos que os preços do minério de ferro permaneçam sustentados em torno de US$ 100 em 2025, apoiados pela falta de nova oferta e pelo suporte de custo ainda alto”.
Em discurso transmitido pela televisão, o presidente da China, Xi Jinping, disse que a operação econômica atual enfrenta novos desafios, “incluindo os desafios das incertezas no ambiente externo e a pressão da transformação dos antigos motores de crescimento em novos”.
“Mas podemos vencer com nosso trabalho árduo. Como sempre, crescemos com vento e chuva, e nos fortalecemos em tempos difíceis”, acrescentou. “Precisamos ter confiança.”
O 2025 da Vale
O BTG recorda que a companhia coleciona boas notícias nos últimos meses, como:
- melhores volumes de minério de ferro;
- a resolução da multa de Mariana (com o valor do acordo definitivo abaixo das expectativas);
- e agora renegociações da concessão ferroviária resolvidas (com apenas um modesto ajuste nas provisões).
No último dia 30, a companhia chegou a um acordo com o governo para a renegociação dos contratos de concessão ferroviária da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
O valor total acordado é de R$ 11 bilhões, com R$ 4 bilhões pagos à vista e R$ 7 bilhões ao longo de vários anos.
No entanto, isso não é suficiente para vencer os desafios que o país asiático enfrenta, afirmam os analistas.
Eles dizem que a história macro chinesa continua vulnerável (apesar das recentes discussões sobre estímulos), adicionando pressão em todo o setor siderúrgico e sobre os preços do minério de ferro.
“Ainda lutamos para ver uma valorização substancial do múltiplo/valuation com ações sendo negociadas a 4x Ebtida 2025 e rendimentos de dividendos na faixa de 5-7%”.
Na avaliação do BTG, haverá mais revisões negativas para a empresa em 2025, à medida que os investidores “marcam a mercado” um ambiente de preços de minério de ferro materialmente mais fraco à frente.
A recomendação é de neutralidade, com preço-alvo de R$ 65.