Vale (VALE3): Bom humor do mercado contagia, e ação dispara 5%; é cedo para comemorar?
O bom humor contaminou o mercado de ações brasileiro nesta terça-feira (11). O setor de mineração e siderurgia seguiu os passos do Ibovespa e engatou forte alta no pregão, com destaque para as ações da Vale (VALE3).
A mineradora disparou 5,28%, negociada a R$ 82,36 na Bolsa. Outros papéis da cesta, como CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), também subiam bem, em linha com o salto de mais de 4% do Ibovespa.
O mercado reagiu aos dados de inflação divulgados hoje, que mostraram uma desaceleração acima do esperado, abrindo caminho para perspectivas de corte da Selic.
Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda varievel da Veedha Investimentos, isso é o que tem realmente reanimado o mercado doméstico.
“Com a economia acalmando, a possibilidade de o Banco Central iniciar uma redução dos juros é muito maior”, pontua.
Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71%, desacelerando em relação à alta de 0,84% em fevereiro.
Assim, a alta acumulada em 12 meses atingiu 4,65%, também abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 4,71%. Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%.
Fator China
A inflação não foi o único ponto positivo que move o mercado acionário hoje. O novo arcabouço fiscal continua no centro das atenções do mercado, que espera uma definição da pauta nos próximos dias.
Outro fator que impulsionou as ações – em especial, commodities – é o exterior. Na sessão volátil desta terça, os contratos de minério de ferro mais negociados para setembro em Dalian subiram 1,5%, a 798,50 iuanes (US$ 115,97) a tonelada. Na Bolsa de Cingapura, a commodity também avançou – 1,7%, a US$ 119,50.
O movimento sinaliza uma recuperação em relação à correção das últimas semanas e teve como gatilho a aproximação de um ciclone tropical em Port Hedland, na Austrália, um ponto importante de exportação de minério de ferro.
Ainda, o head de renda varievel da Veedha destaca a insistência da China em reaquecer a sua economia, o que tem sido visto com bons olhos por parte do mercado.
Já Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, cita os dados de inflação também abaixo do esperado na China. Temores de desaceleração econômica à parte, os números sinalizam que o governo do país teria algum espaço para novos incentivos econômicos, a fim de garantir um crescimento maior no ano, diz.
“Isso teria impacto positivo na demanda do minério de ferro, beneficiando as mineradoras brasileiras”, completa Novaes.
O analista ressalta, no entanto, que as expectativas para o setor de mineradoras ainda dependem de mais dados positivos sobre a atividade econômica na China.
Para onde vai o minério de ferro?
Em relatório publicado nesta semana, a Genial Investimentos avalia que o mercado continua com boas expectativas para o minério de ferro diante de dados econômicos mais encorajadores vindos do gigante asiático.
Embora faltem dados do mês de março completo, a Genial destaca que a produção chinesa de aço subiu 5,6% no comparativo anual durante os dois primeiros meses de 2023. Enquanto isso, a produção de metal laminado quente na China aumentou em 35 toneladas por dia no fim do mês passado, chegando a 2,43 milhões de toneladas diárias no total.
“Para parte do mercado, esses indicadores demonstram um cenário positivo para a mineração, considerando que o minério de ferro é o principal insumo para a produção de aço, e a demanda por aço na China de fato está crescendo ano/ano, pelo menos até o momento”, avaliam os analistas Igor Guedes, Ygor Araujo e Renan Rossi, em relatório publicado nesta segunda (10).
Porém, a corretora acredita que a direção mais certa para a commodity daqui para frente é para baixo. Isso porque a consolidação de alguns fatores na China deve frear a trajetória altista dos preços e inverter o sentido das curvas a partir da segunda metade de 2023.
As últimas semanas já sinalizam que a correção nos preços do minério de ferro está em andamento, tendo a commodity recuado dos US$ 130 por tonelada para o patamar atual de US$ 119-120/tonelada. O movimento de queda deve continuar, chegando a uma média de US$ 105/tonelada no segundo trimestre de 2023 e, a partir do segundo semestre do ano, abaixo da barreira dos US$ 100/tonelada, de acordo com projeções da Genial.
Para Vale e CSN Mineração, a Genial tem recomendação de “manter” às ações, com preços-alvo de R$ 89 e R$ 5,50, respectivamente.
Com informações da Reuters.