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Vale (VALE3) amplia perdas na bolsa e cai aos R$ 65; analista chama atenção para o desconto do papel

05 fev 2024, 20:46 - atualizado em 05 fev 2024, 20:46
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Vale deve seguir pressionada no curto prazo, mas perspectiva de longo prazo é positiva (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A Vale (VALE3) estendeu o movimento de queda na bolsa nesta segunda-feira (5). Marcando o sexto pregão consecutivo de perdas, a ação da mineradora recuou para o patamar dos R$ 65. No ano, os papéis da companhia já acumulam uma desvalorização de 15%.

Com um início de ano tão negativo, teria a Vale atingido o fundo? Para João Paiva, analista de Renda Variável e Estruturados da Arton Advisors, ligada ao BTG Pactual, pode ser cedo demais para comemorar.

Ao Money Times, o especialista afirma que acredita que a ação deve continuar pressionada no curto prazo, podendo cair mais, inclusive.

“A gente sabe que o mercado, no curto prazo, vai ser muito mais reativo a boatos”, diz.

Além da recente correção nos preços do minério de ferro, pesam sobre as ações da Vale as incertezas envolvendo a diretoria da companhia. O mercado aguardava com expectativa a reunião extraordinária do conselho de administração da Vale realizada na última semana e que definiria o nome do próximo CEO.

A dúvida que paira é se Eduardo Bartolomeo, atual presidente-executivo da mineradora, será reconduzido no cargo, depois de o nome de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, ter sido descartado.

No fim, não houve decisão sobre o assunto, estendendo por mais alguns dias os ruídos políticos na gestão da empresa.

Conselheiros da Vale estariam divididos entre fazer um processo seletivo para o cargo de CEO e renovar o mandato de Bartolomeo, de acordo com fonte próxima às discussões para O Globo.

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Mercado está fazendo muito barulho com Vale?

Embora os ruídos recentes pesem para as ações, Paiva avalia que o mercado está jogando muito pessimismo em cima da mineradora.

Sobre a cadeira de CEO, o especialista da Arton lembra que o risco Mantega não existe mais. Paiva acredita que é cedo para tirar conclusões, e a possibilidade de mudança de presidente, a depender do nome escolhido, não é necessariamente uma notícia negativa para a Vale.

Da mesma forma, em relação ao caso de condenação de quase R$ 50 bilhões contra Vale, Samarco e BHP pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), no pior dos cenários, a companhia pagaria o valor integral corrigido pelo CDI e ainda ficaria bastante confortável. Afinal, a Vale é uma empresa de desalavancada, comenta.

“Não sei por quanto tempo o mercado pode permanecer irracional”, diz Paiva.

Queda de VALE3 só torna ação mais atrativa

O mercado segue bem pessimista com Vale. A queda recente e o gap que se formou entre o preço da ação e o preço do minério de ferro, que, apesar da correção, segue em patamares elevados (US$ 130/tonelada), tornaram a mineradora um case atrativo na bolsa, de acordo com Paiva.

O analista diz que a Arton deixou de buscar proteção e está agora na ponta comprada quando o assunto é Vale, tendo como principal motivo o desconto do papel.

Paiva afirma que, olhando para um horizonte de longo prazo, os fundamentos da companhia parecem bons. Ao longo dos próximos trimestres, a Vale deve entregar melhora de resultados. Além disso, é um ativo gerador de caixa e que tem como uma de suas vantagens competitivas em relação aos pares globais o fato de seu custo caixa ser um dos menores do mundo.