Vale (VALE3): A conta de R$ 25,7 bilhões que chegou do governo
O Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, cobrou R$ 25,7 bilhões da Vale (VALE3) por conta de uma outorga de concessão da Estada de Ferro Carajás e Vitória Minas, informa o Estadão.
De acordo com o jornal, a cobrança diz respeito a outorgas não pagas na renovação antecipada de contratos, que ocorreu ainda na gestão Bolsonaro, em 2020. O contrato de Carajás, por exemplo, venceria em 2027, mas foi antecipado por mais 30 anos.
A ofensa do governo é feita com base em uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que aprovou um acordo semelhante com a Rumo (RAIL3) de R$ 1,5 bilhão em pagamentos adicionais pela renovação da Malha Paulista.
Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, os ativos não amortizados das companhias foram descontados indevidamente na renovação de contratos e que o entendimento do TCU sobre a Rumo é claro e se aplica aos demais casos.
“Nós estamos em busca de um direito. Já há um acordo com a Rumo e um voto condutor do TCU”, afirmou.
Procurado pelo Estadão, a Vale afirmou que recebeu a notificação e irá analisar o documento.
“A empresa continua cumprindo com as obrigações decorrentes da renovação antecipada das ferrovias Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás em 2020, tendo entregado 100% do compromisso cruzado da Fiol e adquirido os equipamentos necessários para expansão da oferta de trem de passageiros”, disse em nota.
- Mais uma bolada bilionária da Vivo (VIVT3): Entenda como redução de capital de R$ 1,5 bilhão pode ir parar no bolso dos acionistas da empresa, e se vale a pena ter as ações para receber uma fatia; É só assistir ao Giro do Mercado abaixo:
Tempestade perfeita na Vale
A notícia vem em um período nada favorável para a mineradora. A ação despenca 9,8% no ano com a fraqueza do minério de ferro, que se somou a notificação da Justiça que a condena, juntamente com Samarco e BHP, a um pagamento bilionário.
Segundo a XP Investimentos, apesar da falta de clareza do novo potencial acordo de reparação, a Vale pode sofrer com um potencial impacto negativo de 3-12% nas ações considerando diferentes cenários.
“Nosso racional inclui considerar (ou não) um prazo de 10 anos para o pagamento integral do acordo de reparação (o que reduziria o valor do VPL [valor presente líquido] provisório a ser incluído no balanço da Vale) e considerar (ou não) o valor atual de US$ 3,2 bilhões para deduzir o acordo de reparação total a ser adicionado ao balanço da empresa”, afirma a corretora.
A possível indicação de Guido Mantega para o conselho da empresa também pesou. Porém, na sexta, o economista abriu mão da vaga, o que deixou investidores aliviados.
Na próxima semana, a empresa divulgará seu relatório de produção. Além disso, o mercado conhecerá seu novo CEO.