Vale vai deixar Nova Caledônia; mira Indonésia para alavancar produção de níquel
A mineradora brasileira Vale (VALE3) pretende deixar seus complicados ativos na Nova Caledônia, mas ainda assim deseja alavancar sua produção de níquel, diante da crescente demanda por baterias elétricas, disseram executivos da companhia nesta quarta-feira.
Os planos para desinvestimento das operações de níquel na Nova Caledônia vem após a Vale afirmar no mês passado que reduziu os níveis esperados de produção ao longo da vida útil remanescente da mina e registrará um impairment de cerca de 1,6 bilhão de dólares no quarto trimestre.
Há um ano, a maior produtora de níquel do mundo havia revelado planos para investir 500 milhões de dólares na mina, após não obter sucesso na busca por um parceiro para a operação.
Nesta quarta-feira, porém, o diretor financeiro da empresa, Luciano Siani, disse que a Vale decidiu deixar a operação, que foi afetada por contratempos técnicos, vazamentos de produtos químicos e violentos protestos.
“Nós concluímos que não temos a competência para elevar, com esta tecnologia, os níveis de produção para os quais desejamos. Notamos que outros talvez tenham essa competência”, disse o executivo em apresentação a investidores em Londres.
Siani afirmou que a Vale está examinando todas as opções sobre como deixar a unidade, e que tomará uma decisão no primeiro semestre do ano que vem.
No ano passado, as operações da Vale na Nova Caledônia produziram 32.500 toneladas de níquel, um recuo ante as 40.300 toneladas produzidas em 2017.
Mesmo assim, a empresa mantém uma visão altista para o níquel, visando impulsionar sua produção do metal em cerca de 70% nos próximos anos, para 360 mil toneladas por ano, com expansões especialmente na Indonésia, disse Mark Travers, diretor-executivo interino de Metais Básicos.
“O níquel está preparado para mudanças drásticas”, disse Travers aos investidores, sem especificar uma data para que a maior meta de produção seja atingida.
Embora haja um excesso de oferta de níquel de alta qualidade, o mercado deve se ajustar nos próximos anos, à medida que as vendas de veículos elétricos aumentam, afirmou Travers.
Atualmente, o metal é utilizado principalmente como liga para a fabricação de aço inoxidável, embora também seja um componente-chave das baterias de veículos elétricos.
A Vale possui dois projetos de níquel em desenvolvimento na Indonésia, que contam com parceiros em joint ventures, disse Travers.
O projeto de Bahodopi, que deve produzir 70 mil toneladas por ano de ferroníquel, está sendo desenvolvido com parceiros chineses.
A Vale também trabalha com a japonesa Sumitomo Metal Mining em Pomalaa, em uma planta para o processamento de 40 mil toneladas por ano de níquel, mirando na produção de baterias.
Travers também disse que a Vale pretende elevar sua produção de cobre para 480 mil toneladas até 2023, alta de 20% em relação às 400 mil toneladas estimadas para o ano que vem.