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Vale tem produção factível com meta e vê preço do minério insustentável, diz Credit

14 set 2020, 13:53 - atualizado em 14 set 2020, 13:53

 

Vale
O complexo de Fábrica deve retomar operações no segundo trimestre de 2021 (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

A mineradora Vale (VALE3) já tem produzido minério de ferro a um ritmo de 1 milhão de toneladas por dia, o que deve ser suficiente para que a empresa atinja a faixa inferior de sua meta para 2020, disseram analistas do Credit Suisse em relatório após conferência com a companhia em Nova York.

Executivos da empresa também apontaram expectativas de que a joint venture Samarco, parceria com a BHP, possa retomar atividades ainda neste ano, o que possibilitaria à unidade alcançar nível de produção de entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas ao ano em 2021, segundo relatório com data de domingo.

A mineradora pretende produzir entre 310 e 330 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, com um número mais provavelmente “na extremidade inferior” da projeção, mas analistas vinham lançando dúvidas sobre a viabilidade dos planos devido ao desempenho da empresa na primeira metade do ano.

“Embora a Vale acredite que sua projeção é alcançável e estejam confiantes de que irão produzir perto de 310 mt, suas vendas podem vir um pouco abaixo de 300 mt para o ano, uma vez que eles precisam recompor estoques”, escreveu a equipe do Credit Suisse.

O nível de produção no terceiro trimestre deve ficar próximo de 90 milhões de toneladas, enquanto a previsão para os últimos três meses do ano é ainda maior, dado o retorno esperado de operações em Serra Leste, no Sistema Norte, acrescentaram os analistas do banco.

Segundo eles, a Vale também apontou expectativas de reinício ainda neste ano das operações da Samarco, paralisadas desde o rompimento de uma barragem da empresa em 2015 que foi considerada o maior desastre ambiental da história do Brasil.

Em Timbopeba, a Vale espera retomar a capacidade total de produção (12 milhões de toneladas por ano, contra 4 milhões atualmente) entre março e abril de 2021.

Já em Brucutu, maior mina da empresa em Minas Gerais, a construção de uma barragem que possibilitaria à mina operar com sua capacidade total deverá ser concluída entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021.

A unidade, com 30 milhões de toneladas anuais em capacidade, pode funcionar atualmente com 40% disso.

O complexo de Fábrica deve retomar operações no segundo trimestre de 2021, disseram os analistas.

Em Vargem Grande, a retomada total de operações de processamento a seco depende da conclusão de uma barragem que deve estar pronta no segundo trimestre de 2021.

Os analistas também disseram que os executivos da Vale comentaram que a retomada da política de dividendos, que estava suspensa desde o rompimento de barragem da empresa em Brumadinho (MG) em janeiro passado, deve-se à visão de que a companhia já realizou volume “substancial” de reparações pelo desastre e ganhou assim o direito de distribuir recursos aos acionistas.

“A companhia acredita que nada muda em relação à reimposição dos dividendos, apesar de recentes pedidos do Ministério Público”, apontaram.

Procuradores do Ministério Público Federal pediram à Justiça recentemente uma intervenção legal na Vale para afastar executivos responsáveis pela política de segurança da companhia e para suspensão da política de dividendos. O pleito foi rejeitado na semana passada.

Preço Insustentável

A administração da Vale acredita que o minério de ferro não se manterá por muito tempo no atual patamar de preços, de cerca de 130 dólares por tonelada, segundo o relatório do Credit.

A commodity tem se mantido firme na China apesar da pandemia global de coronavírus devido a expectativas de robusta demanda no país pelo material usado na fabricação do aço.

“A Vale acredita que as condições de demanda por minério de ferro na China estão bem saudáveis agora e enquanto isso começa a ver alguns sinais de melhora em outras regiões do mundo também (incluindo Europa e Japão)… no entanto, a visão da companhia é de que os atuais preços do minério de ferro são insustentáveis”, escreveram os analistas.

A pressão sobre as cotações deve vir com o próprio aumento dos envios da Vale ao mercado chinês mais para o final do ano, de acordo com as expectativas dos gestores da empresa.

“Apesar dessa possível pressão à frente, eles acreditam que levará algum tempo para que os preços voltem a entre 60 e 80 dólares”, o que dependeria em grande parte da própria volta da Vale à sua capacidade de produção de 400 milhões de toneladas, esperada para entre 2022 e 2023.

Mas, mesmo com preços do minério na casa de 81 dólares por tonelada, a Vale poderia pagar aos acionistas “dividend yield” de ao menos 6% em 2021, calcularam os profissionais do Credit.

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