Vale: O que muda com o afastamento do CEO e diretoria?
Ao contrário do ventilado durante a tarde de sábado, a saída do CEO da Vale (VALE3), Fabio Schvartsman, e de outros três diretores, ainda não é definitiva. Segundo a mineradora, o afastamento é temporário e foi recomendada pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Polícia Federal e Polícia Civil do Estado de Minas Gerais.
Gerd Peter Poppinga (Diretor-Executivo de Ferrosos e Carvão), Lucio Flavio Gallon Cavalli (Diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão) e Silmar Magalhães Silva (Diretor de Operações do Corredor Sudeste) deixam a empresa.
Eduardo de Salles Bartolomeo (atual Diretor-Executivo de Metais Básicos) foi indicado como CEO. Claudio de Oliveira Alves (atual Diretor de Pelotização e Manganês) ocupará a função de Diretor-Executivo de Ferrosos e Carvão e Mark Travers (atual Diretor Jurídico, de Relações Institucionais e Sustentabilidade de Metais Básicos) será Diretor-Executivo de Metais Básicos.
Impacto nas ações
Para o Credit Suisse, a notícia não é uma grande surpresa, já que essa possibilidade já havia circulado na mídia há algum tempo. E, além disso, ressalta que a remoção desses executivos parece ser de natureza “temporária”, o que sugere um possível retorno.
“No entanto, acreditamos que as ações ainda poderiam ser um pouco pressionadas, já que o Sr. Schvartsman foi visto com olhares muito positivas pelo mercado”, apontam os analistas Caio Ribeiro, Renan Criscio e Rafael Cunha.
Eles lembram que o executivo foi considerado uma figura fundamental por trás da transição de governança corporativa da Vale para o Novo Mercado, estratégia de desinvestimento e desalavancagem , foco de corte de custos, disciplina de investimentos e discurso de valor sobre volume que gerou externalidades positivas nos mercados de minério de ferro, impondo maior racionalidade e, consequentemente, menor volatilidade nos preços do minério de ferro.
O banco tem a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), mas alerta para a volatilidade de curto prazo.
Para a XP Investimentos, o momento da saída e envolvimento do Ministério Público na decisão estranha a muitos, e deve ser o principal motivo para uma potencial correção na abertura em Nova York.
A analista Karel Luketic, que conversou com alguns investidores de peso, informa que o nome de Eduardo Bartolomeo é familiar a todos, com muita experiência na Vale, vasto conhecimento da empresa e respeitado.
“Por mais que possa trazer volatilidade no curtíssimo prazo, em linhas gerais a percepção é que os overhangs/riscos potenciais vão sendo mitigados com esses eventos, o que eventualmente vai permitir que a ação volte a negociar em fundamentos”, analisa. A corretora mantém a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 66.