Vale mais a pena investir em small caps ou large caps?
Por Clement Thibault/Investing.com
O investimento em ações, quando feito da maneira correta, pode oferecer retornos incomparáveis. Mas, a menos que o investidor já tenha uma ação específica em mente, é preciso fazer outra pergunta antes de tomar qualquer decisão: é melhor investir nas chamadas large caps ou small caps?
Large cap é um termo comumente usado nos EUA para designar empresas com grande capitalização de mercado, isto é, valor de mercado acima de US$ 10 bilhões. Small caps são o oposto: empresas com capitalização de mercado menor, geralmente avaliadas em até US$ 2 bilhões nos EUA.
Esses dois tipos de ações possuem seus próprios índices de referência. As large caps estão listadas no famoso S&P 500, enquanto as small caps estão reunidas no Russell 2000. A capitalização média das empresas listadas no S&P 500 é de US$ 22 bilhões, enquanto as empresas listadas no Russell 2000 possuem capitalização média de US$ 800 milhões.
Apple (AAPL), Microsoft (MSFT) e Amazon (AMZN), que integram o S&P, já atingiram cada uma o valor de mercado de US$1 trilhão, atraindo bastante atenção dos investidores e da imprensa. Por outro lado, é possível que você já tenha ouvido falar de empresas como The Trade Desk (TTD), Cree Inc. (CREE) e Coupa Software (COUP), três grandes componentes do Russell 2000.
Na última década, espalhou-se a crença geral de que as small caps geralmente superam o desempenho das large caps. Mas será que isso é verdade? Confira o que descobrimos a partir dos dados abaixo, que apresentam os retornos anuais totais (dividendos inclusive) tanto do S&P 500 quanto do Russell 2000.
Russell 2000 vs. S&P 500
Primeiramente, observe que, com base nos resultados dos últimos 40 anos – período em que os dados do Russell 2000 estão disponíveis – o índice de small caps superou o desempenho do S&P 500 vinte e duas vezes. Já o S&P 500 se saiu melhor que o Russell dezoito vezes. De maneira geral, portanto, os resultados parecem bastante equilibrados.
Segundo ponto: o melhor desempenho de cada um parece ser cíclico. Os dados mostram que o Russell geralmente apresentou melhor desempenho entre os anos de 1979-1983, 1991-1993, 2000-2014, enquanto o S&P se saiu melhor entre 1984-1990, 1994-1999, e 2014-2018. Analisando mais a fundo esses períodos, podemos perceber um padrão.
O melhor desempenho do Russell 2000 coincide com períodos economicamente adversos nos EUA:
1979-1983: inflação de dois dígitos, além de recessões em 1980 e 1982.
1991-1993: recessão de 1990-1991.
2000-2014: bolha do setor de tecnologia, crise do subprime
Já o S&P 500 se saiu melhor quando a economia dos EUA estava forte:
1984-1990: boom dos anos 1980 até a recessão de 1990.
1994-1999: expansão econômica de meados dos anos 1990 até a bolha de tecnologia.
2014-2018: expansão econômica após a recuperação da crise de 2008.
Evidentemente, a correlação entre o desempenho desses índices não é absoluta. Em alguns anos, os resultados são contraintuitivos, com base nessa teoria. Mesmo assim, a correlação é forte o bastante para indicar que, quando a economia está se expandindo, fique com as large caps. No entanto, em condições econômicas adversas, escolha as small caps.
E já que fizemos todos esses cálculos, vale a pensa responder a esta possível pergunta secundária: se você tivesse US$ 100 para investir no Russell ou no S&P em janeiro de 1979, qual investimento teria dado mais retorno?
Em janeiro de 2019, ponto final dos nossos dados, você teria tido um retorno de US$ 6.759 no Russell e de US$ 7.835 no S&P. Mas o fluxo de retornos também depende do momento. O Russell assumiu a liderança desde o início do período examinado até 1989. Em 1989, o S&P tomou a dianteira até 2010.
A forte recuperação do Russell 2000 após a bolha tecnológica e a crise do subprime permitiu que o índice assumisse a liderança geral em 2010, mas a perdeu em 2014, quando o S&P voltou com tudo para o topo, onde continua até hoje.