Comprar ou vender?

Vale investir em MGLU3, VIIA3, MELI e ENJU3? Uma ação pode saltar até 100% no ano; veja

14 jul 2023, 17:36 - atualizado em 14 jul 2023, 17:36
Magazine Luiza
Magazine Luiza e Mercado Livre são as únicas do e-commerce com recomendação de compra para o BTG (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

As ações das varejistas de e-commerce listadas na Bolsa saltaram nos últimos meses. No acumulado do ano, Enjoei (ENJU3), Mercado Livre (MELI) e Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 29,9%, 20,4% e 10,2% com base fechamento de quinta (13) — Via (VIIA3) foi a única exceção de alta.

Mas, apesar do otimismo dos investidores ter impulsionado os papéis, os analistas do BTG Pactual não enxergam grandes mudanças nos fundamentos das companhias, que ainda sofrem com as taxas de juros.

Luiz Guanais e equipe até veem ventos favoráveis para o setor: “a melhora constante do cenário econômico deve melhorar gradativamente as perspectivas para o consumo geral e a percepção de risco”, dizem. Entretanto, ainda há “muito mais ruído” — ou seja, mais volatilidade –, segundo os analistas.

Em relação ao desempenho das ações nos próximos trimestres, a equipe do BTG considera algumas variáveis:

  • altos custos de captação, mas com cortes de juros favorecendo ações de longa duração e alta alavancagem;
  • alta inflação;
  • alavancagem financeira das companhias como variável-chave; e
  • impacto setorial da reforma fiscal e tributação das plataformas estrangeiras.

Diante do cenário, o banco atualizou as perspectivas para as ações do setor. O preço-alvo de Magazine Luiza foi cortado de R$ 7 para R$ 6, enquanto o de Via caiu de R$ 4 para R$ 3. Já Mercado Livre e Enjoei continuaram com os alvos de US$ 1,63 e R$ 2, respectivamente.

O BTG tem indicação de compra para Mercado Livre e Magalu e recomendação neutra para Via e Enjoei.

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Magazine Luiza

Para Magazine Luiza, os analistas do BTG esperam que a companhia se beneficie da migração gradual das vendas da Americanas (AMER3), bem como de possíveis cortes nas taxas de juros.

Entretanto, eles ainda veem ventos contrários do lado operacional, após um resultado mais fraco do que o esperado no primeiro trimestre do ano.

Guanais e equipe afirmam que a lucratividade e o fluxo de caixa livre (FCF) ditarão o desempenho das ações nos próximos trimestres. As ações têm potencial de alta de 98,7%, com base no novo preço-avo de R$ 6.

Mercado Livre

Para os analistas do BTG, o Mercado Livre é um dos poucos nomes do e-commerce na América Latina que merece o benefício da dúvida, considerando sua crescente monetização de tráfego e melhora a lucratividade.

Com base no alvo de US$ 1,63, os papéis ainda podem saltar 44,2% em 2023.

“Embora permaneçamos conservadores na exposição ao comércio eletrônico, a variedade de tráfego e um maior foco no nível de serviço continuam sendo a chave para o sucesso das plataformas de comércio eletrônico e são a base de nossa chamada de consolidação do setor”, dizem otimistas em relação à Mercado Livre.

Via

A Via seguiu os passos dos grandes players do setor e investiu em serviços para reduzir prazos e custos de entrega. Mas, apesar disso, os analistas do BTG ainda veem um cenário desafiador, com desaceleração do e-commerce local para categorias de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Além disso, altos custos de captação e as provisões para os próximos anos deve afetar a companhia, dizem. Também há riscos negativos para a monetização da Via devido à dependência de impostos e decisões regulatórias e tributárias fora de seu controle.

“Nos mantemos neutros com base em uma perspectiva competitiva, forte exposição a eletroeletrônicos, custos de financiamento mais altos, incerteza sobre provisões futuras e monetização de créditos fiscais, o que pode prejudicar sua capacidade de investir no crescimento de suas operações”, avaliam.

Ainda assim, com base no preço-alvo de R$ 3, as ações têm potencial de alta de 53,8%.

Enjoei

A visão positiva do BTG sobre Enjoei reflete três pilares:

  • player líder (de nicho) na venda de itens de moda de segunda mão, com exposição ao crescimento secular do e-commerce no Brasil e à economia com abordagem ESG;
  • amplo sortimento, alta frequência e engajamento; e
  • combinação de milhões de compradores e milhões de vendedores na mesma plataforma, criando um efeito de rede.

Mas, apesar dos esforços bem-vindos para aumentar as taxas de aceitação e otimizar os custos, o Ebitda e o fluxo de caixa devem continuar sofrendo no curto prazo, com uma desaceleração do e-commerce e custos de financiamento mais altos.

“Enjoei torna-se uma opção de compra mais arriscada, o que, juntamente com a baixa liquidez das ações, justifica nosso recomendação neutra”, dizem os analistas. O alvo de R$ 2 dos papéis prevê alta de 58,7% no ano.