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Vale: dividendos e acordos ambientais devem impulsionar ações em 25%

05 dez 2020, 14:21 - atualizado em 05 dez 2020, 16:50
Brumadinho
O analista acredita que a empresa está pronta para superar a tragédia de Brumadinho (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

A Vale (VALE3) está no caminho certo para superar a tragédia de Brumadinho, avalia o BB Investimento em relatório enviado a clientes.

O analista Victor Penna, que participou do dia do investidor da Vale, acredita que os acordos ambientais que a empresa têm firmado, junto com a volta dos dividendos, podem fazer as ações subirem 25,5%.

A corretora aumentou o preço-alvo dos papéis da mineradora para R$ 99 e US$ 19 para a Vale US, com recomendação de compra.

Além disso, o BB considera a retomada econômica global (pós Covid-19, com a China mostrando consistente demanda) e preços de minério de ferro mais altos do que esperados.

Questões ESG dão fôlego à empresa

O especialista argumenta que após a tragédia de  Brumadinho, a companhia vem sendo negociada a múltiplos inferiores aos seus concorrentes internacionais BHP e Rio Tinto.

“Como tais entraves foram praticamente deixados para trás, ao nosso ver, a lacuna de avaliação está aos poucos sendo preenchida, e catalisadores como dividendos e o fim dos passivos ambientais devem impulsionar os papéis da Vale à frente”, argumenta.

Segundo Penna, a empresa está em uma “busca incessante por entregas ESG (do inglês ambiental, social e governança)”.

A Vale tem como meta a redução de carbono em 33% até 2030, iniciativa que fará liderar a transição para mineração de baixo carbono.

Ainda no campo ambiental, a mineradora quer aumentar para 100% o uso de energia de fontes limpas (atualmente em 80%), recuperar 500 mil hectares de florestas e reduzir 10% da captação de água.

A produção de minério de ferro da Vale em 2020 foi estimada entre 300 milhões e 305 milhões de toneladas, um número abaixo da meta projetada para o ano (Imagem: Pixabay)

Apesar disso, a companhia carrega alguns entraves que levantam questões polêmicas, como mineração em terras indígenas, direitos humanos, e os eventos de rompimento de barragem (Brumadinho e Mariana/Samarco).

A consultoria Refinitiv considera o rating ESG da Vale em A no pilar Ambiental, A+ no pilar Social e A- no pilar Governança, porém D- com relação às controvérsias, o que resulta em uma nota combinada de C.

Dividendos

Os tão esperados dividendos devem se tornar mais constantes à medida que a empresa resolve as pendências com a tragédia de Brumadinho. A política de distribuição prevê 30% do Ebitda Ajustado menos Investimento Corrente.

“Em nosso modelo, estimamos que o valor distribuído poderá alcançar US$ 6,4 bi em 2021, o que representaria um yield de 8,2% sobre o valor da cotação atual”, afirmou.

Brumadinho

Em relação a Brumadinho, considerada a maior tragédia ambiental do país e que vitimou cerca de 250 pessoas, foram desembolsados mais de US$ 2,6 bilhões em indenizações e reparação ambiental. O saldo de provisões esperado para o final de 2020 é de US$ 2,7 bilhões.

Além disso, ela está em negociação com o estado de Minas Gerais e o Ministério Público para um acordo global de indenização por danos coletivos e compensação para a sociedade e meio ambiente.

A empresa espera que o valor some R$ 29,6 bilhões, já considerando os desembolsos realizados.

“A concretização de um acordo seria um passo importante para a Vale, pois poderia encerrar uma série de questionamentos e incertezas sobre o tema, e voltar a atrair investidores que saíram do papel após o acidente”, afirmou.

Para 2021, a produção de minério de ferro da Vale deverá crescer para uma faixa de 315-335 milhões de toneladas, informou a companhia (Imagem: Vale;Divulgação)

Produção

A produção de minério de ferro da Vale em 2020 foi estimada entre 300 milhões e 305 milhões de toneladas, um número abaixo da meta projetada para o ano.

A meta mais recente da Vale para 2020 era de 310 milhões a 330 milhões de toneladas, com um número mais provavelmente “na extremidade inferior” da projeção, uma vez que a companhia ainda sofre para retomar capacidade paralisada desde o desastre de Brumadinho (MG), no ano passado.

Para 2021, a produção de minério de ferro da Vale deverá crescer para uma faixa de 315-335 milhões de toneladas, informou a companhia.

A Vale estimou investimentos de 4,2 bilhões de dólares em 2020, estável ante previsão revisada anteriormente, enquanto projetou um capex de 5,8 bilhões de dólares em 2021.