Vale consegue aprovar recompra de debêntures em assembleia
Debenturistas da Vale (VALE3) aprovaram hoje a autorização para que a empresa possa recomprar suas debêntures participativas sem oferecer um incentivo financeiro.
O banco de desenvolvimento e a União, detentores de cerca de 55% de 388,6 milhões dos papéis da mineradora, votaram a favor da proposta da Vale em uma assembleia na sexta-feira. Os debenturistas votaram a favor inclusive da possibilidade de cancelamento dos papéis em tesouraria.
O item 2, que altera a redação da escritura para permitir que a emissora possa adquirir debêntures de sua própria emissão, foi aprovado com 287.802.956 votos a favor e 1.966.558 contra, disse a Vale em email.
A reclamação dos debenturistas minoritários é que a Vale não ofereceu a eles qualquer tipo de incentivo financeiro — o chamado “consent fee” — para realizar a mudança da escritura, como é de praxe no mercado.
Ao contrário de outros instrumentos de dívida mais comuns, as debêntures participativas da Vale, emitidas em 1997, na época da privatização, não pagam um cupom fixo e sim um dividendo baseado nas receitas da empresa. Os pagamentos só acontecem após a produção acumulada de minério de ferro em certos campos atingir um determinado nível.
Em outubro do ano passado, o diretor financeiro da Vale disse em uma conversa com analistas que a empresa pretendia recomprar as notas e no início de março a mineradora convocou a assembleia com os debenturistas para tratar da mudança na escritura. Essa semana, a companhia disse em um comunicado que a recompra não é uma prioridade, “ainda que as condições a permitissem.”
Em paralelo, o BNDES já anunciou que pretende vender os 214,3 milhões de títulos que detém em conjunto com o Tesouro. Em setembro do ano passado, o banco contratou bancos para organizar uma oferta secundária dos papéis e este mês anunciou que a operação deve ser realizada no segundo trimestre do ano. A Vale disse que não participaria da operação como compradora.