Vacinas não chegam e frustram indígenas na Bolívia
Nas planícies do deserto de Uru Chipaya, na Bolívia, Fausto López colocou suas melhores roupas, empolgado para finalmente receber a vacina de Covid-19.
López e sua esposa Petronila Mollo foram para a praça principal, para onde uma imunização em massa estava planejada após o governo dizer que entregaria uma remessa da vacina da Johnson & Johnson, que exige apenas um dose, à remota comunidade indígena.
Um grande grupo de veículos de imprensa, incluindo repórteres da Reuters, foi convidado para cobrir a boa notícia.
Mas as coisas não aconteceram como o planejado.
As vacinas esperadas não chegaram. Apesar de portar placas com “Fui vacinado contra a Covid-19”, a maioria das pessoas foram embora sem receber a dose, e apenas poucos voluntários foram imunizados com a vacina chinesa que já estava na cidade. López ficou decepcionado.
O governo socialista da Bolívia aplicou mais de 3,1 milhões de doses de vacina até agora, o suficiente para 13,5% da população, presumindo que cada pessoa precisa de duas doses, segundo o acompanhamento da Reuters.
Mas embora algumas populações indígenas difíceis de serem alcançadas tenham começado a receber as vacinas, líderes indígenas como a parlamentar Cecilia Moyoviri e o ativista local Alex Villa, criticaram a falta de doses nessas comunidades.
“Há uma desigualdade na distribuição de vacinas”, disse Toribia Lero, que lidera o comitê de povos indígenas na Câmara dos Deputados da Bolívia, à Reuters.
“Ainda não há dados sobre como as vacinas são distribuídas às comunidades indígenas. Em muitas situações, o ministério vai a uma cidade ou se reúne com lideranças locais apenas para tirar fotos.”
Osman Calvimontes Subieta, do Ministério da Saúde, por outro lado, disse que “as vacinas estão garantidas”, acrescentando que “nossas autoridades locais em áreas indígenas estão dando o exemplo”.
Ele se recusou a comentar sobre por que as vacinas prometidas não chegaram a Uru Chipaya.