Saúde

Vacinas chinesas ultrapassam Moderna em processo da OMS

22 jan 2021, 13:28 - atualizado em 22 jan 2021, 13:28
Vacinas
As chinesas Sinopharm e Sinovac Biotech estão mais adiantadas no processo de aprovação da OMS (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Em meio ao agravamento das preocupações com a disparidade no acesso a vacinas ao redor do mundo, a Organização Mundial da Saúde tem dificuldades para acompanhar o ritmo dos países ricos do Ocidente na liberação de imunizantes, retardando a iniciativa Covax, da qual dependem as nações mais pobres.

A OMS aprovou apenas uma vacina, a da Pfizer-BioNTech, de acordo com um documento do processo regulatório da entidade sobre o status de diversas vacinas contra a Covid-19. A vacina da Moderna, chamada mRNA, já foi autorizada nos EUA, Canadá, Reino Unido, União Europeia e Israel, mas ainda não teve um dossiê aceito para análise do órgão internacional.

A vacina da Moderna foi uma das 11 candidatas que receberam financiamento da Coalizão para Preparo Epidêmico, apoiada pela OMS, embora o valor de US$ 1 milhão fornecido seja ínfimo diante das centenas de milhões que a empresa recebeu da Operação Warp Speed do governo dos EUA.

Já as chinesas Sinopharm e Sinovac Biotech estão mais adiantadas no processo de aprovação da OMS, de acordo com o documento, ainda que suas vacinas não estejam entre as quase 2 bilhões de doses já adquiridas pela iniciativa Covax.

A preocupação aumenta junto com a distância entre os países ricos e pobres no acesso a vacinas. Esta semana, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que o mundo estava “à beira de um fracasso moral catastrófico” porque governos e empresas preferem a imunização em massa em países desenvolvidos ao invés de priorizar os mais vulneráveis em lugares pobres.

Tedros atacou os laboratórios, acusando-os de priorizar aprovações em países ricos onde o lucro é mais alto em vez de submeter dossiês completos sobre suas vacinas à OMS. Essa situação pode atrasar a distribuição por meio da Covax, a iniciativa apoiada pela OMS que visa fornecer vacinas aos países mais pobres.

A Moderna foi a segunda companhia após a Pfizer a garantir o uso emergencial junto ao órgão regulador de medicamentos dos EUA (FDA), em dezembro. Sua vacina já foi introduzida nos EUA, Canadá e Europa.

O documento da OMS mostra que não foram feitas entre a organização e a Moderna reuniões que precedem a apresentação de estudos, nem houve dossiê aceito para análise. A decisão da OMS sobre a vacina da Moderna ainda está prevista para o final de fevereiro, embora a entidade ressalte que se trata apenas de uma estimativa.

A Moderna está dialogando com a OMS e está comprometida com um resultado bem-sucedido, afirmou um porta-voz da companhia em e-mail enviado à Bloomberg News, sem dar mais detalhes.

Solicitação da AstraZeneca

Uma solicitação de aprovação da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford está sendo examinada pela OMS e a liberação está prevista para o final de fevereiro. Para as vacinas chinesas, a expectativa é que recebam sinal verde em março, de acordo com o documento.

As dificuldades da OMS abriram caminho para a China intensificar os esforços diplomáticos envolvendo a vacinação. Durante sua passagem pelo Sudeste Asiático na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, prometeu distribuir mais de um milhão de doses.

O rápido progresso das vacinas chinesas no processo de aprovação pela OMS eleva a probabilidade de que estas estejam entre as primeiras vacinas distribuídas pela Covax, embora não tenham sido incluídas no plano de aquisição original.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar