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Vacinação de 200 mil pessoas por dia nos EUA fica abaixo do esperado

30 dez 2020, 7:23 - atualizado em 30 dez 2020, 7:26
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Segundo dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), apenas 2,13 milhões de pessoas receberam as injeções (Imagem: Craig F. Walker/Pool via REUTERS)

Os Estados Unidos têm vacinado uma média de apenas 200 mil pessoas por dia contra a Covid-19, e muitos estados usaram apenas uma pequena porcentagem das remessas enviadas neste mês.

Dados coletados dos estados e do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA mostram que, embora a Operação Warp Speed tenha distribuído milhões de doses, alguns estados têm sido lentos na vacinação.

O país provavelmente não atingirá a meta do governo Trump de 20 milhões de pessoas vacinadas até o fim do ano, de acordo com análise da Bloomberg News.

Segundo dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) divulgados na segunda-feira, apesar da distribuição de 11,45 milhões de doses da Moderna e da Pfizer-BioNTech, apenas 2,13 milhões de pessoas receberam as injeções.

O número representa cerca de 20% das alocações iniciais. O estado do Oregon usou apenas 15,3% do suprimento, Ohio, 14,3% e Maryland, 10,9%.

Autoridades atribuem o atraso ao fato de a vacina ser delicada e com requisitos de armazenamento complexos, incerteza sobre o fornecimento de doses e centros de saúde sobrecarregados que enfrentam desafios históricos.

“Gostaríamos de ter uma melhor absorção”, disse Steve Kelso, porta-voz do Departamento de Saúde do condado de Kent, em Michigan, onde o estado usou 18,5% das doses fornecidas.

Mais de 330 mil pessoas morreram por coronavírus nos EUA e dezenas de milhares mais podem vir a falecer nos próximos meses, o que torna a distribuição da vacina ainda mais urgente.

No entanto, Moncef Slaoui, consultor científico-chefe da Operação Warp Speed, disse na semana passada que a meta de vacinar 20 milhões de pessoas até o final do ano dificilmente será alcançada.

Nas últimas semanas, vários países lançaram campanhas de vacinação na corrida global para acabar com a pandemia. Alguns mostram ritmo muito mais rápido do que os EUA: Israel, cujo tamanho e população são semelhantes ao estado de Nova Jersey, administrou injeções em 60 mil pessoas por dia, em média, na primeira semana.

Se os EUA estivessem vacinando na mesma velocidade, 2,2 milhões pessoas seriam inoculadas diariamente, ou 10 vezes o ritmo atual.

Um porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos disse na terça-feira que os números relatados não refletem a situação mais recente.

“Estamos monitorando de perto os dados informados pelas jurisdições sobre a administração de vacinas e estamos animados com o trabalho que fizeram até agora durante as festas”, disse Michael Pratt. “Há uma defasagem esperada entre a vacinação e os dados sendo relatados.”

Se os EUA estivessem vacinando na mesma velocidade, 2,2 milhões pessoas seriam inoculadas diariamente, ou 10 vezes o ritmo atual (Imagem: Reuters/Siphiwe Sibeko)

O presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou na noite de terça-feira em um tuíte que “cabe aos estados distribuírem as vacinas”.

Mas o presidente eleito Joe Biden disse em discurso mais cedo que “o esforço para distribuir a vacina não está progredindo como deveria” e que “moveria céus e terra para nos levar à direção certa”.

Biden disse que seu governo atingiria 100 milhões de doses em seus primeiros 100 dias se o Congresso fornecer fundos. “Se continuar como está agora, levará anos, não meses, para vacinar o povo americano”, disse.

Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown, disse que o fato de o governo Trump ter se apoiado nos estados prejudicou a resposta. O programa Warp Speed mostrou sucesso admirável em ajudar a desenvolver e distribuir uma vacina, disse, “mas neste ponto enfrenta um obstáculo”.

“Vamos montar hospitais de campanha e tendas em todos os lugares e fazer com que a Guarda Nacional faça isso”, disse Jha em entrevista por telefone. “Essa última milha teve muito pouco investimento. Acho que isso vai ser um grande problema.”

bloomberg@moneytimes.com.br