Vacina para coronavírus da AstraZeneca pode estar pronta até fim do ano, diz CEO
A vacina contra o coronavírus da AstraZeneca pode estar pronta para vacinações em larga escala já neste ano, disse o diretor-presidente da farmacêutica, Pascal Soriot, negando problemas de atrasos e de produção.
A empresa britânica planeja divulgar resultados de testes com a vacina até o fim do ano, mesmo depois do breve adiamento dos ensaios no verão, quando as taxas de infecção diminuíram no hemisfério norte.
A nova onda de casos permitiu que cientistas colhessem os dados clínicos necessários, de acordo com Soriot. A Astra e a Universidade de Oxford mantêm a vacina congelada para preservar sua vida útil enquanto aguardam os resultados finais dos testes.
“No final das contas, ainda não sabemos se a vacina funciona”, disse Soriot em entrevista à Bloomberg Television, acrescentando que ainda existem muitas questões. Por exemplo, se a vacina dará resultado para todos e por quanto tempo. “Esperamos que as vacinações em grande escala sejam possíveis a partir de janeiro do próximo ano – possivelmente até em dezembro.”
Na quarta-feira, Kate Bingham, presidente da Força-Tarefa de Vacinas do Reino Unido, disse que apenas 4 milhões de doses da vacina estarão disponíveis até o fim do ano, muito menos do que os 30 milhões que deveriam estar prontas em setembro. A AstraZeneca disse estar confiante de que pode começar a fornecer centenas de milhões de doses em uma “base contínua” assim que a vacina for liberada.
A farmacêutica do Reino Unido está entre as líderes na corrida para o controle da pandemia, e sua vacina experimental pode ser uma das primeiras a serem aprovadas globalmente caso seja eficaz.
A Astra e as farmacêuticas Pfizer e Moderna buscam divulgar resultados de testes com vacinas nas próximas semanas, com possível autorização emergencial antes do fim do ano.
Soriot disse que o mundo precisa de várias vacinas e que os estudos da Astra realizados no Reino Unido e no Brasil continuam avançando bem, mesmo com a paralisação nos EUA. É possível que a FDA, que regula fármacos e alimentos nos EUA, queira esperar os resultados dos ensaios no país antes de revisar o produto, disse o executivo.
A FDA “pode querer esperar pelos resultados do estudo nos EUA ou pode revisar nosso programa internacional e nos dar uma aprovação de emergência com base nisso”, disse Soriot. “A decisão dependerá dos reguladores de cada país.”
Preço da vacina
A Astra disse que vai vender a vacina a preço de custo durante a pandemia, entre US$ 4 e US$ 5, dependendo dos custos de fabricação local. A empresa disse recentemente que acrescentaria até 20% para cobrir custos de fabricação e evitar qualquer impacto material nas finanças. A Astra tem uma conta acima de US$ 1 bilhão globalmente para despesas, que inclui desenvolvimento clínico, disse Soriot.
A vacina candidata da Astra-Oxford produziu resposta imune consistente em adultos de mais idade e idosos, grupo com maior risco de doenças graves. Astra e Oxford inscreveram cerca de 23 mil voluntários em testes de vacinas globalmente, com planos de chegar a 50 mil assim que o braço dos EUA tiver concluído o recrutamento.
Um porta-voz do governo do Reino Unido disse na quinta-feira que “uma vacina só será implantada quando for comprovadamente segura e eficaz” e que o Serviço Nacional de Saúde está pronto para iniciar o programa de vacinação.